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Centenas de peixes mortos voltam a aparecer às margens da Lagoa da Jansen

Um dos motivos apontados para o problema, que ocorre todos os anos, seria o descarte de esgoto.

Fonte: Redação

A Lagoa da Jansen é um dos principais pontos turísticos de São Luís, devido ao seu valor histórico, estético e à sua fauna e flora. Todos esses valores importantes do sítio estão sendo ameaçados devido aos altos níveis de poluição, afetando não apenas a população animal da região, mas, também, todos que moram e trabalham perto do local, e, por extensão, a economia da capital.

Poluição provocada por esgotos seria a principal causa da morte de peixes na Lagoa da Jansen (Foto: Francisco Silva)

Nos últimos dias, centenas de peixes voltaram a aparecer mortos em vários trechos da lagoa. “O que causa mais dano ambiental é o descarte de esgoto in natura, mas também ocorre o aterramento de suas margens para construção de garagens, assim como o descarte irregular de resíduos sólidos, como restos de construção e lixo doméstico”, comentou Ayrton Teixeira, vice-presidente da ONG Amigos da Lagoa, que tem como objetivo a preservação e recuperação da Lagoa da Jansen.

Ayrton Teixeira disse que, atualmente, eles estão publicizando os principais problemas existentes na Lagoa da Jansen, na tentativa de obter diálogo com as autoridades públicas.

“Algumas autoridades resistem à nossa iniciativa. Por outro lado, outras são colaborativas, como o comandante-geral da Polícia Militar, que atendeu ao nosso pedido e disponibilizou uma patrulha do Batalhão Ambiental, destinada a tentar inibir os danos provocados à Lagoa da Jansen”.

PROBLEMA ANTIGO

O descarte de esgoto in natura, ou seja, sem ser processado, teria começado com a formação da Laguna da Jansen, em 1988. Devido à desorganização urbana, os resíduos eram despejados diretamente na lagoa. O fato apenas mudou com a construção de um canal interligando a Laguna com o mar e instalação de sua comporta. Porém, em tempos recentes, essas construções se encontram danificadas, o que leva ao vazamento de esgoto e água do mar na lagoa.

“Esse quadro é um marcador de falta de rede de esgoto universal, estações elevatórias e que impacta de maneira intensa na vida e na saúde da população mais desfavorecida que habita e trabalha ao redor da lagoa” afirmou o presidente da ONG Amigos da Lagoa, Odivaldo Lima de Souza.

Os maiores e mais notáveis efeitos negativos, advindos do estado atual da lagoa, são o mau cheiro e a concentração de insetos em suas margens. Esses fatores afetam a economia, pois pessoas estão menos incentivadas a fazer negócios com os comércios locais.

“O mau cheiro nunca acaba, e afeta todos os comércios e moradores de perto”, afirmou José Gomes, microempreendedor que trabalha perto da lagoa, desde 2018.

“Os poucos comércios que ainda sobrevivem, também, sofrem com o mau cheiro, a falta dos turistas e dos moradores da região, que poderiam frequentá-los”, comentou Odivaldo de Souza.

OUTRO LADO

Por meio de nota, a Secretaria de Estado do Meio Ambiente e Recursos Naturais (Sema) informou que realizou vistoria técnica, na última quarta-feira (13). E que foram coletadas amostras da água no local onde havia exemplares de peixes mortos.

A Sema comunicou que aguarda o resultado da análise, para apontar conclusivamente a causa da mortandade.

A Companhia de Saneamento Ambiental do Maranhão (Caema), por sua vez, destacou que já foram eliminados mais de 100 pontos de lançamento de esgoto na Lagoa da Jansen, assim como retirados volumes significativos de esgoto, com a identificação de pontos irregulares e intervenções técnicas sistemáticas da Companhia no local.

A Caema ressaltou, ainda, que na região da Lagoa existem galerias de águas pluviais que não são de competência da Companhia, e que, outro fator que contribui negativamente, são as ligações clandestinas de esgoto em galerias pluviais.

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