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Museu de Arte Sacra reabre para visitação pública após reforma

O museu fica localizado no Palácio Arquiepiscopal, na Praça Dom Pedro II, no bairro Praia Grande, Centro Histórico de São Luís

Fonte: Com informações da assessoria
Museu de Arte Sacra recebe muitos visitantes locais e turistas (Foto: Handson Chagas)

SÃO LUÍS – Conhecer a história da formação do Maranhão por meio de sua arte religiosa. Esta é a proposta do Museu de Arte Sacra, importante equipamento museológico do Governo do Estado que reabriu suas portas nesta quarta-feira (4) após sete meses de reforma. O museu fica localizado no Palácio Arquiepiscopal, na Praça Dom Pedro II, no bairro Praia Grande, Centro Histórico de São Luís, e tem um acervo com mais de 400 peças dos séculos XVII, XVIII e XIX.

O prédio foi reaberto após sete meses de obras de restauração da sua fachada, além de serviços de reforma nas portas, janelas e esquadrias. O trabalho foi feito em parceria com a Prefeitura de São Luís, por meio do programa Canteiro Escola, da Fundação Municipal do Patrimônio Histórico (FUMPH), e a iniciativa privada. O programa capacita mão de obra para conservação dos bens culturais e históricos de São Luís.

Acervo

O acervo do museu é formado por mais de 400 peças de imaginária (imagens esculpidas ou entalhadas) e ourivesaria, como paramentos usados nas celebrações religiosas, imagens de santos, incluindo santos de roca (imagens sacras que se destinam a ser levadas em procissão e que são vestidas com trajes de tecido) que tradicionalmente eram utilizados em cortejos da Semana Santa.

Objetos sacros utilizados nas cerimônias litúrgicas das igrejas de São Luís como cálices de missas, crucifixos em prata de lei com pedrarias, oriundos de Portugal, custódias e lanternas de procissões, vasos raros de Santos Óleos, cruz processional da Capela dos Navegantes, resplendor em prata da Igreja do Desterro e vestimentas utilizadas por padres e bispos em cerimônias religiosas enriquecem o acervo.

Também fazem parte do rico acervo o frontispício da antiga Capela de São Tiago Maior e uma imagem relicário de São Bonifácio, que é o marco fundamental da Missão Jesuítica no norte do Brasil. A imagem chegou a São Luís em 2 de dezembro de 1652, sendo conduzida em procissão solene para a pequena igreja de Nossa Senhora da Luz onde hoje se localiza a Igreja da Sé.

Todo o acervo do museu foi restaurado e as obras têm proteção total, sendo cobertas com cúpulas de vidro temperado à prova de balas.

Curadoria da exposição

O museu foi pensado para não ser monótono. A exposição está dividida em 13 salas que apresentam o processo histórico de colonização e ocupação do território maranhense, iniciado no século XVII, com um acervo de objetos de arte sacra e arte jesuíta.

Para montar a exposição, foi feita uma curadoria especializada por duas historiadoras, Kátia Bogéa e Emanuela Sousa Ribeiro, e uma arquiteta e restauradora, Stella Soares de Brito, que compreenderam o papel de cada uma das obras na história do Maranhão, resolvendo assim criar um circuito mostrando além da questão artística e estilística das peças, situando-as na história e contando a trajetória de ocupação do território maranhense por meio da religião hegemônica à época, no caso o catolicismo.

Até escolha do local onde o museu passou a funcionar não foi por acaso. “Aqui, onde hoje funciona o Palácio Arquiepiscopal, é o mesmo prédio onde funcionou o Colégio dos Jesuítas, que mantinham no local uma oficina de imaginária e esculturas religiosas. Então, o museu conta a trajetória do Maranhão por meio da arte sacra instalado em um monumento icônico da história do nosso estado localizado no núcleo original da fundação de São Luís”, explica Kátia Bogéa, que atualmente é presidente da FUMPH.

Circuito de visitação

O circuito de visitação inicia com uma contextualização da arte religiosa nas diferentes culturas e credos. Em seguida o público é levado para conhecer como foi feita a defesa do território brasileiro e a formação das capitanias hereditárias pelos portugueses no século XVI. O espaço seguinte mostra como ocorreu a ocupação francesa no Maranhão.

Nesta sala, o público tem uma experiência sensorial com a execução da música Vexilla Regis Prodeunt (Os estandartes do rei avançam) cuja melodia é um dos maiores patrimônios musicais da Igreja Católica Apostólica Romana e é Patrimônio Imaterial da Humanidade.

A música foi composta por São Venâncio Fortunato (530 – 609), bispo de Poitiers, a pedido da rainha-mãe do reino Franco-Soissons: Santa Radegunda. O hino enaltece o momento no qual o Rei Jesus avança rumo a Jerusalém para, numa atitude vicária, vencer o pecado e remir os povos. A importância da música está no fato de que, segundo os registros históricos, ela ter sido executada durante a missa que marca a fundação da capital maranhense em 1612.

O próximo espaço da visitação mostra como ocorreu a colonização portuguesa no estado seguida da importância da vinda de diversas ordens religiosas como parte desse processo, pois foram as grandes responsáveis pela difusão da religiosidade e cultura europeias entre os povos indígenas que já residiam no território e negros que eram trazidos para o Maranhão como escravos. Em seguida é contada a história da missão da Companhia de Jesus no estado colonial português do Grão-Pará e Maranhão.

Após todos estes setores que fazem o contexto histórico, social, cultural e político do período, os visitantes começam a mergulhar na produção de arte religiosa feita no estado e uma das primeiras salas sobre o tema mostra os jesuítas e o Colégio de Nossa Senhora da Luz, as oficinas de entalhe, escultura e pintura do colégio.

Arte religiosa produzida no Maranhão

No setor da Escola Maranhense de Imaginária, o público pode conhecer a aparência única e singular das esculturas sacras entalhadas em madeira por santeiros radicados no Maranhão durante o século XVIII. Complementando essa experiência a sala vizinha mostra a Imaginária no Maranhão no século XIX marcada pelas novas referências culturais e os novos padrões estéticos e estilísticos do período e que se refletiram na produção feita no estado bem como nas peças trazidas da Europa.

A importância das igrejas, freguesias e irmandades no cotidiano e formação da cidade são destacados na exposição. Chegando próximo ao fim da visitação o público conhece os rituais e a nobreza dos metais usados nas cerimônias religiosas com peças como bustos, estátuas relicários em prata que retratam santos, bispos, mártires e apóstolos. As peças do final do século XIX foram trazidos para o estado por Capuchinhos Lombardos vindos da Itália.

Encerrando a visitação, é apresentada a arte sacra popular que se difundiu no início do século XX quando poucos santeiros ainda exerciam essa atividade. O estilo tem como característica o grande apelo emocional e pouco domínio técnico e estilístico dos seus autores, quase sempre anônimos. A perda de qualidade escultórica ocorreu paralelamente à tendência mundial de substituir imagens artesanais de madeira por peças industrializadas em gesso.

Museu de Arte Sacra do Maranhão

O Museu de Arte Sacra foi criado em 1992 pelo Governo do Maranhão, tendo como patrocinadores a então Companhia Vale do Rio Doce e a Associação dos Amigos dos Museus. O equipamento foi instalado no antigo Solar do Barão de Grajaú, prédio do século XIX anexo ao antigo Solar Gomes de Sousa, outra construção do século XIX onde funciona desde 1973 o Museu Histórico e Artístico do Maranhão, na Rua do Sol, Centro de São Luís.

Em 2014, o Museu de Arte Sacra foi transferido para o segundo piso do Palácio Arquiepiscopal, onde também funciona a Cúria Metropolitana, após ampla restauração de todo o imóvel que abriga também a Catedral Metropolitana de São Luís. O espaço foi instalado o museu cedido pela Arquidiocese de São Luís por 30 anos.

Serviço

O quê: Museu de Arte Sacra do Maranhão.

Onde: Palácio Arquiepiscopal, Praça Dom Pedro II, bairro Praia Grande, Centro Histórico de São Luís.

Quando: De terça-feira a sexta-feira das 9h às 17h30; e sábados das 9h às 17h. Entrada gratuita.

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