Os planos de saúde registraram lucro líquido de R$ 2,2 bilhões no terceiro trimestre deste ano, mostram dados divulgados pela ANS (Agência Nacional de Saúde Suplementar).
O resultado sinaliza uma recuperação do setor que, no mesmo período do ano passado, apresentou resultado líquido negativo de R$ 3,4 bilhões.
Por outro lado, as operadoras médico-hospitalares (principal segmento) fecharam o trimestre com resultado operacional negativo acumulado no ano de R$ 6,3 bilhões. Essa dinâmica já tem sido observada desde o final de 2021.
Importante destacar que o prejuízo operacional foi compensado pelo resultado financeiro recorde de R$ 8,37 bilhões, advindo principalmente da remuneração das suas aplicações financeiras, que acumularam quase R$ 107 bilhões.
De acordo com o levantamento, os resultados líquidos no acumulado dos três primeiros trimestres deste ano foram positivos para todos os segmentos.
Além dos médico-hospitalares, as administradoras de benefícios registraram lucro de R$ 388,4 milhões e as operadoras exclusivamente odontológicas, de R$ 471,6 milhões.
Sinistralidade
A sinistralidade — relação entre as receitas das operadoras e os desembolsos com as despesas assistenciais e principal aspecto que explica o desempenho nas operadoras médico-hospitalares — ficou em 88,2% (cerca de 2,1 pontos percentuais abaixo do apurado no mesmo período do ano anterior).
Este dado indica que em torno de 88% das receitas advindas das mensalidades são utilizadas com as despesas assistenciais.
“A recuperação do desempenho econômico-financeiro do setor pode ser observada em diversos indicadores desde o 4º trimestre de 2022, especialmente nas séries de 12 meses do Painel Econômico-Financeiro, com o aumento dos resultados líquido e operacional, e a redução da sinistralidade. Além disso, o agregado da margem de lucro líquido das operadoras médico-hospitalares ficou positivo, apresentando o melhor resultado desde o segundo trimestre de 2021”, analisa Jorge Aquino, diretor de normas e habilitação das operadoras da ANS.
Reajustes
De acordo com a agência, a redução da sinistralidade resulta da recomposição das receitas dos planos — principalmente das grandes operadoras — quando comparada à variação das despesas.
Sobre este aspecto, a ANS ressalta que continua a se observar tendência de maior crescimento das mensalidades médias em relação à despesa assistencial por beneficiário, o que parece sugerir que o setor passa por um período de reorganização de seus planos para recuperação dos resultados na operação, em um contexto de aumento de beneficiários e queda dos juros básicos da economia brasileira — que tendem a reduzir o resultado financeiro em relação aos períodos anteriores.
Dados gerais
As informações financeiras enviadas pelas operadoras de planos de saúde à ANS demonstram que o setor registrou lucro líquido total de R$ 3,1 bilhões no acumulado dos três primeiros trimestres deste ano.
O resultado equivale a aproximadamente 1,3% da receita total acumulada no período, que foi superior a R$ 233,4 bilhões. Ou seja: para cada R$ 100 de receita, o setor alcançou cerca de R$ 1,3 de lucro ou sobra. Este é o melhor resultado para o período dos últimos 2 anos.