Um apartamento situado no bairro Tatuapé, Zona Leste de São Paulo (SP), que servia para armazenamento de drogas e como uma espécie de hospedaria para as chamadas “mulas”, pessoas cooptadas pelo narcotráfico com a finalidade de transportar cocaína ao continente europeu, foi descoberto pela Polícia Militar nessa terça-feira, 27. Na ocasião, uma mulher foi presa em flagrante.
No local, foram encontradas 119 cápsulas com cocaína, no formato em que são engolidas pelas “mulas do tráfico”, além de anotações, duas balanças de precisão, um passaporte, além de outros elementos conexos ao crime de tráfico de drogas.
A operação foi resultado de um fluxo de informações que envolveu o Grupo de Atuação Especial de Combate às Organizações Criminosas (Gaeco) do Ministério Público do Maranhão, 1° Departamento de Combate à Corrupção da Polícia Civil do Maranhão, Polícia Federal do Piauí e Polícia Militar de São Paulo.
A jovem encontrada no interior do imóvel recebeu voz de prisão e foi levada à Superintendência da Polícia Federal em São Paulo. Ela se encontra à disposição do Poder Judiciário.
Grupo criminoso captava “mulas” no Maranhão
No dia 26 de outubro de 2023, A Polícia Federal deflagrou a Operação Narco-Diáspora, com o intuito de combater a atuação ilícita orquestrada por um grupo criminoso especializado em aliciar e enviar indivíduos brasileiros para o continente europeu na condição de “mulas”. Tratam-se de pessoas que, conscientemente ou não, transportam entorpecentes em seus corpos ou em bagagens, geralmente para outros países.
Na ocasião, foram cumpridos 13 Mandados de Busca e Apreensão nas residências dos alvos e em empresas investigadas, além do sequestro/indisponibilidade de valores existentes em contas bancárias e/ou aplicações financeiras, e de veículos e imóveis que se encontrem em nome dos investigados.
Durante a operação, um dos investigados também foi preso. A ação se desenvolveu nos municípios de Açailândia/MA, Imperatriz/MA, Bataguassu/MS, São João Evangelista/MG, Mogi-Guaçu/SP e São Paulo/SP.
Também foram cumpridas medidas cautelares alternativas contra os investigados, como suspensão do exercício da atividade comercial em dois estabelecimentos (entre eles um hotel) e proibição de se ausentar do país para alguns dos alvos. As medidas judiciais foram expedidas pela 2ª Vara Federal Criminal da Subseção Judiciária de Imperatriz/MA.
Durante a investigação constatou-se que a captação de “mulas” era normalmente realizada no interior do Maranhão, entre pessoas em condições financeiras vulneráveis, convencendo-as a participar da empreitada criminosa.
As pessoas eram normalmente levadas para São Paulo, e ficavam hospedadas em um hotel, local onde elas ingeriam a cocaína (em “bolotas”) ou as guardavam em bagagens, e recebiam as orientações sobre o processo de imigração na Europa. Os principais países de destino eram França, Espanha, Portugal e Turquia.
Estima-se que mais de 10 indivíduos, aliciados pelo mesmo grupo, foram presos como “mulas”, principalmente entre os anos de 2021 e 2022.
A operação também envolveu medidas de cooperação policial/jurídica internacional com agências dos países para onde a droga era enviada, contando ainda com o auxílio das Adidâncias da Polícia Federal nesses respectivos países.