Brasil volta registrar a doença de Newcastle após 18 anos

O vírus foi detectado em um frango de corte de 34 dias em uma propriedade avícola de Anta Gorda

Fonte: Da redação

Após 18 anos de ausência, a doença de Newcastle volta a ser registrada no Brasil. O vírus foi detectado em um frango de corte de 34 dias em uma propriedade avícola de Anta Gorda, a 180 quilômetros de Porto Alegre. A confirmação foi feita pela Secretaria da Agricultura, Pecuária, Produção Sustentável e Irrigação (Seapi) do Rio Grande do Sul.

De acordo com a Seapi, o frango afetado apresentava sintomas como diarreia esverdeada e prostração. Com a confirmação do caso, medidas imediatas foram adotadas: as atividades da propriedade avícola foram paralisadas e o sacrifício de todos os animais foi iniciado para evitar a propagação do vírus.

Medidas de Contenção Rigorosas

As medidas de contenção da doença no Rio Grande do Sul serão rigorosas e têm duração prevista de 90 dias. As ações incluem o sacrifício de todas as aves onde o foco foi identificado, limpeza e desinfecção da área, implementação de medidas de biossegurança, demarcação de zonas de proteção e vigilância intensificada em um raio de dez quilômetros. Além disso, barreiras sanitárias serão estabelecidas.

Inicialmente, a restrição à exportação seria limitada aos frigoríficos do Rio Grande do Sul. No entanto, agora se aplica a todas as empresas autorizadas a vender a proteína para o mercado asiático, conforme afirmou Roberto Perosa, secretário de Comércio e Relações Internacionais do Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa). Ao todo, 55 abatedouros e quatro entrepostos foram afetados, com previsão de normalização das atividades entre 15 e 30 dias.

Ainda segundo Perosa, haverá uma mudança nas restrições às exportações de carne de frango para a União Europeia. Antes aplicadas a todo o país, as restrições agora se limitarão aos frigoríficos do Rio Grande do Sul.

Repercussões no Mercado Financeiro

A notícia do foco da doença causou reações imediatas no mercado financeiro. Na última quarta-feira (18/7), as ações de frigoríficos registraram queda na B3, refletindo o temor dos investidores em relação à suspensão das exportações e os possíveis impactos no preço do frango. Vale lembrar que o Rio Grande do Sul é o terceiro maior exportador de frango do Brasil.

O que é a Doença de Newcastle?

A doença de Newcastle é causada por um vírus do grupo paramixovírus, transmitido através de gotas expelidas em espirros, tosse ou fezes de aves contaminadas. Os principais sintomas incluem asas caídas, torção na cabeça e pescoço, pernas distendidas, falta de apetite e paralisia completa, afetando os sistemas respiratório, nervoso e digestivo.

Riscos para Humanos e Consumo Seguro

Apesar de rara, a doença de Newcastle pode afetar humanos, causando sintomas leves semelhantes à gripe comum, como febre, dor de cabeça e problemas respiratórios. Casos de conjuntivite também foram registrados na literatura médica, com recuperação rápida, geralmente em cerca de uma semana. O infectologista Fernando Chagas alerta que humanos podem servir como vetores do vírus, transmitindo-o a aves saudáveis.

Em relação ao consumo de carne de frango, a veterinária Iara Trevisol, da Embrapa Suínos e Aves, assegura que não há risco para os consumidores. As aves contaminadas são eliminadas antes de chegar ao mercado. O ministro da Agricultura e Pecuária, Carlos Fávaro, reforçou que não há necessidade de receio ao consumir carnes ou ovos, desde que os produtos tenham o selo de inspeção.

Vacinação e Eliminação do Vírus

Existem vacinas para a doença de Newcastle, tanto vivas, com vírus atenuado, quanto inativadas. A vacinação é uma prática comum desde a primeira semana de vida das aves, com reforços periódicos. A eliminação do vírus em aviários contaminados requer o sacrifício de todas as aves, devido à alta transmissibilidade do vírus.

Para combater a propagação, o governo do Rio Grande do Sul está implementando barreiras sanitárias e investigando propriedades em um raio de dez quilômetros, com 775 locais a serem visitados inicialmente, podendo ampliar a área caso novos casos surjam.

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