Com a queda nas vendas de seus carros elétricos, a Tesla e seu CEO, Elon Musk, têm procurado convencer Wall Street de que o futuro da empresa reside na empolgante área da inteligência artificial (IA), e não apenas na fabricação e venda de carros. Segundo Musk, uma das principais atividades da Tesla baseada em IA será a dos táxis sem condutor, ou robotáxis, que podem operar praticamente em qualquer lugar e em qualquer condição.
Durante uma teleconferência para discutir os resultados do segundo trimestre, Musk afirmou que a Tesla está perto de aperfeiçoar esses veículos e que conseguirá facilmente a aprovação regulamentar para colocá-los nas estradas. Ele também mencionou que os proprietários de Teslas poderiam ganhar dinheiro enquanto dormem ou trabalham, permitindo que a empresa utilize seus carros como robotáxis.
Perspectivas e Desafios
Musk acredita que o serviço de robotáxi impulsionará a avaliação da Tesla na bolsa de valores, que atualmente está em torno de US$ 740 bilhões, para trilhões de dólares. No entanto, para que isso se concretize, muitos avanços tecnológicos e mudanças na percepção pública sobre automóveis serão necessários.
A experiência de serviços de táxis sem condutor, como Waymo e Cruise, em várias cidades dos EUA, levanta questões sobre a rentabilidade e viabilidade dessas ofertas. A tecnologia da Tesla enfrentará forte concorrência da Waymo (subsidiária da Alphabet), Uber, Lyft, Zoox (da Amazon), General Motors (que detém a Cruise) e empresas chinesas como Baidu e BYD.
Reações e Ceticismo
Ross Gerber, CEO da Gerber Kawasaki Wealth and Investment Management, expressou ceticismo, afirmando que Musk pode estar tentando desviar a atenção das dificuldades nas vendas de carros da Tesla. Mesmo assim, alguns analistas acreditam que os robotáxis e o software de condução autônoma poderão gerar lucros significativos para a Tesla.
Tom Narayan, analista da RBC Capital Markets, afirmou que o mercado de robotáxis pode valer US$ 5 bilhões, e o potencial econômico dos robotáxis da Tesla já representa mais de US$ 400 bilhões do valor das ações da empresa.
Desafios Tecnológicos e Regulatórios
A Tesla oferece dois tipos de software de assistência ao condutor: Autopilot e Full Self-Driving, com este último custando US$ 99 por mês. No entanto, ambos exigem que os condutores estejam preparados para assumir o controle a qualquer momento, e há relatos de usuários que precisam intervir frequentemente.
Acidentes relacionados ao software resultaram em várias ações judiciais e uma investigação da National Highway Traffic Safety Administration, que associou centenas de acidentes e pelo menos 29 mortes ao uso dos sistemas de assistência ao condutor da Tesla.
Concorrência e Sustentabilidade
Musk optou por uma abordagem mais desafiadora ao usar câmeras relativamente baratas para detectar objetos, em vez de sensores Lidar mais caros, utilizados pela Waymo. Além disso, a Tesla está tentando construir robotáxis que funcionem em qualquer ambiente, enquanto a Waymo opera em locais mapeados minuciosamente.
Outras empresas enfrentam desafios semelhantes. A GM suspendeu temporariamente seu serviço de táxis sem condutor Cruise após um acidente em São Francisco. A Waymo, por sua vez, continua a operar e melhorar sua tecnologia em várias cidades dos EUA.
Futuro dos Robotáxis
John Krafcik, ex-CEO da Waymo, acredita que o negócio pode se tornar lucrativo em mercados como São Francisco, considerando todos os custos operacionais. A Alphabet, empresa-mãe da Waymo, planeja investir mais US$ 5 bilhões no negócio.
Um desafio para a Tesla será persuadir os proprietários de carros a colocarem seus veículos no serviço de robotáxi. Serviços como Turo e Getaround permitem que as pessoas aluguem seus carros pessoais, mas não está claro quantas pessoas estariam dispostas a emprestar seus veículos a estranhos.
Conclusão
Embora o futuro dos robotáxis pareça promissor, a Tesla e outras empresas enfrentam desafios significativos em termos de tecnologia, regulamentação e aceitação pública. A competição é intensa, e a rentabilidade ainda é uma questão em aberto. No entanto, com investimentos contínuos e avanços tecnológicos, o setor de robotáxis tem o potencial de transformar a mobilidade urbana e gerar novos modelos de negócio.