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Novo subtipo do HIV é identificado em três estados brasileiros

O Ministério da Saúde estima que cerca de um milhão de pessoas vivam com HIV no Brasil

Fonte: Da redação

Uma pesquisa recente revelou a circulação de um novo subtipo do vírus HIV, causador da Aids, em pelo menos três estados do Brasil. O estudo, conduzido pela Universidade Federal da Bahia (UFBA) em colaboração com a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), identificou o novo subtipo no Rio Grande do Sul, Rio de Janeiro e Bahia. Os resultados foram publicados nesta sexta-feira (16).

Os pesquisadores descobriram que esse novo subtipo é diferente dos já conhecidos no Brasil, que pertencem aos tipos B e C. A hipótese é que a variante encontrada seja o resultado de uma mistura genética entre esses dois tipos de HIV, possivelmente originada no organismo de um paciente soropositivo, resultando em padrões genéticos inéditos.

Como a Pesquisa Foi Realizada

A equipe científica analisou uma amostra genética de um portador do HIV em tratamento em Salvador, Bahia, e identificou fragmentos dos dois tipos diferentes do vírus. Após essa análise, as sequências genéticas encontradas foram comparadas com um banco de dados científico, revelando a ocorrência de mais três casos com o mesmo padrão no país.

Com esses resultados, os pesquisadores realizaram um estudo de parentesco que indicou uma conexão entre as quatro amostras, permitindo a classificação da nova variedade do vírus HIV como a recombinante CRF146_BC.

Joana Paixão Monteiro-Cunha, especialista em biologia celular com foco em HIV e autora da pesquisa, explicou que a recombinação pode ocorrer quando duas variantes diferentes infectam a mesma célula. “Quando duas variantes diferentes infectam a mesma célula, podem se formar híbridos durante o processo de replicação do vírus e, destes, surgem os recombinantes”, explicou a pesquisadora.

Ela também sugeriu que é possível que a transmissão tenha começado com uma única pessoa, mas, dado que a nova variante foi identificada em três estados de diferentes regiões do país, acredita-se que a disseminação já tenha ocorrido.

Impacto da Descoberta

Segundo Monteiro-Cunha, a descoberta desse novo subtipo de HIV é crucial para o monitoramento da evolução do vírus, incluindo a taxa de transmissão e progressão da doença. No entanto, mais estudos são necessários para compreender plenamente as implicações dessa variante.

Por enquanto, o que se sabe é que a variante CRF146_BC responde ao tratamento atual com terapia antirretroviral, ou seja, o tratamento para os pacientes infectados por essa variante permanece o mesmo.

O Ministério da Saúde estima que cerca de um milhão de pessoas vivam com HIV no Brasil. As formas recombinantes de HIV, como a CRF146_BC, são responsáveis por aproximadamente 23% das infecções ao redor do mundo. Desde 1980, mais de 150 misturas entre as variantes B e C já foram descobertas globalmente.

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