Até o final de 2024, mais brasileiros notarão mudanças nas ligações de bancos, seguradoras e outros serviços conhecidos por realizarem chamadas frequentes. Essas ligações passarão a exibir, além do número de telefone, informações como o nome da empresa e até o motivo do contato na tela do celular.
Essa mudança é fruto de um novo protocolo de segurança “antigolpes” em implementação pela Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel). Originalmente conhecido internacionalmente como stir/shaken, o projeto foi renomeado no Brasil para “Origem Verificada”.
Em países como França, Canadá e Estados Unidos, o stir/shaken já é utilizado para aumentar a segurança das chamadas telefônicas, certificando a procedência das ligações. No Brasil, a Anatel iniciou o trabalho de implementação do sistema no ano passado, formando um grupo dedicado ao tema.
Objetivo de Combate a Golpes e Ligações Abusivas
O principal objetivo da “Origem Verificada” é combater golpes, assegurando que o consumidor saiba quem está ligando, e também inibir centrais de telemarketing e teleatendimento de realizarem ligações abusivas. Gustavo Borges, superintendente de Obrigações da Anatel, explica que o projeto foi originalmente concebido para combater o spoofing (quando o número de uma chamada é falsificado para enganar o destinatário).
— Mas, no fim, ele aborda dois problemas para o consumidor: o da fraude e das chamadas abusivas. Se o consumidor receber ligações insistentes ou em horários inconvenientes, isso ficará registrado e ele poderá mais facilmente acionar uma reclamação — afirma Borges.
Adesão de Bancos e Operadoras
Para que o protocolo funcione, é necessário o engajamento de uma rede complexa que envolve operadoras de serviços telefônicos, fabricantes de aparelhos celulares, empresas de telefonia e grandes “chamadores”. A Anatel informou que 33 operadoras de serviços telefônicos, incluindo as maiores prestadoras de call-center do país, já aderiram ao “Origem Verificada”. Entre as operadoras, Tim, Vivo e Claro já estão no protocolo, assim como os maiores bancos brasileiros, como Itaú e Bradesco. No lado das fabricantes, a Anatel tem trabalhado com empresas como Motorola, Apple e Samsung.
Para que os consumidores possam receber as chamadas autenticadas, os smartphones precisam ter conexão 4G ou 5G. A Samsung, com a atualização do Galaxy S22 em agosto, foi a primeira fabricante a adaptar seus aparelhos para receber os selos de verificação. “Para o consumidor receber chamadas com esse serviço, basta ter o aparelho na sua versão atualizada e a rede da operadora possuir o serviço”, informou a Samsung.
As empresas que desejarem que suas chamadas sejam verificadas precisarão contratar o serviço diretamente com as operadoras de serviços telefônicos, segundo a Anatel. A prestação do serviço gerará um custo adicional, que será definido pelas próprias operadoras.
Quando uma chamada verificada for recebida, o usuário verá na tela do telefone um selo de autenticação, a mensagem “origem verificada”, o nome da empresa e, em alguns aparelhos, o motivo da chamada e o logo da companhia. Borges acredita que essa identificação será de grande interesse para call-centers e bancos:
— Até setembro, a gente já espera ter uma ampliação grande do volume de chamadas disparadas com autenticação.