O setor agropecuário do Brasil registrou um desempenho negativo no segundo trimestre de 2024, tanto na comparação trimestral quanto na anual, conforme os dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O setor recuou 2,3% em relação ao primeiro trimestre e 2,9% em comparação com o segundo trimestre de 2023. No acumulado dos últimos 12 meses, o setor apresentou uma variação nula.
Ao comentar sobre o desempenho da agropecuária, Rebeca Palis, coordenadora de Contas Nacionais do IBGE, destacou o fim do protagonismo do setor para o resultado do Produto Interno Bruto (PIB) no segundo trimestre do ano. “Com o fim do protagonismo da agropecuária, a indústria se destacou nesse trimestre, em especial nos segmentos de eletricidade e gás, água, esgoto, atividades de gestão de resíduos e na construção”, afirmou Palis.
Na comparação anual, o IBGE ressaltou que o Levantamento Sistemático da Produção Agrícola apontou que as condições climáticas adversas levaram a uma queda na produção esperada de soja e milho, apesar do bom desempenho da pecuária e de outras culturas importantes, como café e algodão.
As enchentes severas que ocorreram em maio no Rio Grande do Sul tiveram um impacto significativo no resultado da agropecuária no segundo trimestre de 2024, conforme apontou a representante do IBGE. Rebeca Palis explicou que esses problemas climáticos contribuíram para a queda do PIB do setor, mas ressaltou que, mesmo sem o desastre, a agropecuária já enfrentava um ano desafiador.
Um exemplo mencionado foi a soja, cuja produção já indicava recuos nas estimativas desde o início do ano. “As estimativas, especialmente para a soja, já mostravam uma queda mais acentuada na produção”, lembrou Palis.
“O dado do segundo trimestre já incorpora os efeitos das condições adversas enfrentadas pela agropecuária no Rio Grande do Sul. No entanto, o PIB agropecuário já estava abaixo do primeiro trimestre de 2023”, explicou. “Não era esperado um bom ano para a agropecuária, de qualquer forma. Claro que os problemas no Rio Grande do Sul pioraram ainda mais a situação”, acrescentou.
Entre abril e junho, em comparação com os três meses anteriores, a economia brasileira como um todo cresceu 1,4%.