Uma pesquisa realizada pela Atlas revelou que a maioria dos brasileiros enxerga motivação política na decisão do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, de suspender o X (antigo Twitter) no Brasil. A pesquisa, que ouviu 1.617 pessoas entre os dias 3 e 4 de setembro, mostra que 56,5% dos entrevistados acreditam que a medida foi politicamente motivada. Já 41,7% consideram que a decisão teve um caráter técnico. A margem de erro é de dois pontos percentuais, com um intervalo de confiança de 95%.
A suspensão do X foi ordenada por Moraes na sexta-feira, 30 de agosto, após o empresário Elon Musk, proprietário da plataforma, se recusar a nomear um representante da empresa no Brasil, conforme exigido pela legislação nacional. De acordo com Moraes, o X tentou “se esquivar da jurisdição brasileira com a declarada e criminosa finalidade de deixar de cumprir as determinações judiciais.”
Quando questionados sobre a concordância com o bloqueio da plataforma, os brasileiros mostraram opiniões divididas. Cerca de 50,9% discordam da decisão de tirar o X do ar, enquanto 48,1% apoiam a medida, dentro da margem de erro da pesquisa, configurando um empate técnico.
Outro ponto polêmico levantado pela pesquisa foi a multa imposta pelo ministro para quem tentar acessar a rede social por meio de redes privadas virtuais (VPNs), no valor de R$ 50 mil. A maioria dos brasileiros (64,5%) considera a punição abusiva, enquanto 34,7% apoiam a sanção.
O bloqueio das contas da Starlink, empresa de Elon Musk que fornece internet via satélite, também foi visto de maneira negativa pela maioria dos entrevistados: 55,1% consideram que houve abuso de poder nessa decisão. Já 44% acreditam que a medida foi justificada para garantir o pagamento das multas aplicadas pelo STF ao X.
Os brasileiros também demonstraram preocupação com os impactos que o impasse entre Musk e o STF pode gerar. Para 52,4% dos entrevistados, o Brasil terá mais a perder se o X e a Starlink deixarem de operar indefinidamente no país como resultado dos processos judiciais. Em contrapartida, 43,1% acreditam que o País terá mais a ganhar com a saída dessas empresas.
As decisões do STF contra o X também são vistas de forma crítica por parte da população: 54,4% acreditam que as medidas enfraquecem a democracia, enquanto 44,9% acham que elas fortalecem o regime democrático no Brasil.
Apesar das críticas majoritárias à decisão de Moraes, quase metade dos brasileiros (49,7%) avalia que o ministro está certo em seu embate com Elon Musk. Por outro lado, 43,9% ficam do lado do bilionário sul-africano, e 5,4% acreditam que nenhum dos dois tem razão.
Mesmo com a visão crítica sobre Moraes, a pesquisa revelou que Musk mantém uma imagem positiva entre 52,8% dos brasileiros, enquanto 43,9% o enxergam de forma negativa. Quando questionados sobre a possibilidade de Musk estar usando o X para manipular a opinião pública a favor de suas preferências políticas, 54,3% dos entrevistados disseram acreditar que não, e 41,8% acham que sim.
A pesquisa também revelou que apenas 28,6% dos respondentes usavam o X antes do bloqueio, enquanto a maioria (71,4%) não era usuária da plataforma. Entre os que continuam utilizando a rede social por meio de VPN, apenas 5,6% dos entrevistados afirmaram fazê-lo, enquanto 94,4% pararam de acessar a rede.
Além disso, a Atlas abordou a polêmica envolvendo o candidato à Prefeitura de São Paulo, Pablo Marçal (PRTB), cujos perfis foram derrubados pela Justiça Eleitoral de São Paulo sob a acusação de abuso de poder econômico e uso indevido dos meios de comunicação. Nesse caso, a opinião pública também está dividida: 50,1% discordam da decisão judicial, enquanto 48,1% a apoiam.