O ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, anunciou que o Brasil pode economizar até R$ 400 milhões se optar por retomar o horário de verão. Essa economia seria gerada pela redução da necessidade de acionamento de usinas térmicas, uma solução cara usada para atender à demanda elevada durante os horários de pico, especialmente em períodos de calor extremo e baixa nos reservatórios das hidrelétricas.
Silveira compartilhou essas informações em entrevista à imprensa nesta quinta-feira (19), na sede do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), no Rio de Janeiro. O ministro revelou que recebeu a recomendação do ONS para adotar o horário de verão como uma forma de evitar sobrecargas no sistema energético, que enfrenta o pior nível pluviométrico dos últimos 74 anos. Ainda assim, Silveira ressaltou que há um nível de tranquilidade, já que o país não corre risco de enfrentar uma crise energética no momento, o que permite avaliar outras medidas antes de tomar uma decisão definitiva.
Decisão sobre o horário de verão será tomada nos próximos dias
De acordo com o ministro, a decisão sobre a possível volta do horário de verão deverá ser tomada nos próximos dez dias, após conversas com técnicos e representantes de outros ministérios. Caso o governo decida acatar a recomendação do ONS e do Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico (CMSE), a implementação da medida ainda levaria cerca de um mês. Silveira destacou que, mesmo que o horário de verão seja decretado antes das eleições municipais, ele não seria implementado antes do segundo turno.
O CMSE, responsável por acompanhar a segurança energética do país, conta com membros do Ministério de Minas e Energia, da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), da Agência Nacional de Petróleo (ANP), da Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE), da Empresa de Pesquisa Energética (EPE) e do próprio ONS.
Benefícios do horário de verão
O horário de verão permitiria uma extensão de uma hora na utilização da energia solar, que hoje representa 20% da capacidade energética do sistema. “A decisão sobre o horário de verão cabe ao governo, mas quem fornece os fundamentos técnicos é o setor energético”, afirmou Silveira, acrescentando que ainda precisa discutir com outras áreas antes de tomar uma decisão final. A eventual adoção da medida depende de um decreto presidencial.
Avaliação cautelosa e base científica
Embora a recomendação do ONS seja clara, o ministro demonstrou cautela em sua avaliação. “Eu ainda não estou convencido da necessidade de decretar o horário de verão”, afirmou Silveira. No entanto, ele enfatizou que a recomendação permite que os agentes do setor energético comecem a se preparar para a eventual mudança.
Silveira também comentou sobre a suspensão do horário de verão em 2019, alegando que a decisão foi tomada sem base científica, o que contribuiu para a crise energética enfrentada em 2021. Desta vez, o governo está adotando uma abordagem técnica para planejar o futuro energético do país.