SÃO LUÍS – Racismo, escravidão, violência, religiosidade, ancestralidade e a mulher são alguns dos temas centrais debatidos e refletidos no espetáculo “Maria Firmina dos Reis – Uma voz além do tempo”, encenado pela atriz maranhense Júlia Martins, do Núcleo Atmosfera (MA). A peça é um dos destaques da etapa final do Festival Palco Giratório 2024 no Maranhão (que ocorre pela primeira vez no formato no estado).
Com sessão prevista para esta sexta-feira (27), às 19h30, no Teatro Sesc Napoleão Ewerton, o espetáculo é uma releitura sobre a vida e obra da primeira romancista afro – brasileira da história: Maria Firmina dos Reis.
“Participar do palco giratório tem sido muito significativo. Representa a valorização e o reconhecimento de artistas e grupos maranhenses. Poder participar do Festival Palco Giratório 2024 com o projeto da Maria Firmina dos Reis é nem ter palavras que possam descrever as emoções e as experiências que a gente tem passado durante esses meses circulando pelas regiões. É um grande reconhecimento mesmo, até para a potência que foi Maria Firmina dos Reis, da literatura que ela escreveu e nos deixou”, destaca a artista Júlia Martins.
Em paralelo a vida da literata, a atriz traz a sua história e de outras mulheres e homens negros que se unem à luta de Maria Firmina dos Reis, construindo assim um elo afirmativo da força da mulher negra que resistiu e segue resistindo diariamente contra o racismo estrutural presente em pleno século XXI.
Para a maranhense, o público em geral, seja no Maranhão ou em outros estados, tem se mostrado cada vez mais ansioso para saber sobre Maria Firmina dos Reis e, também, do teatro que é feito no Maranhão. “As pessoas querem conhecer a cultura do Maranhão, querem conhecer artistas maranhenses. Tem sido muito legal porque todo lugar que a gente apresenta é uma apresentação única e a gente não espera receber todo esse carinho, essa recepção do público, que tem sido muito diverso. Eles se deparam com um espetáculo que diz muito sobre eles, sobre as vivências deles”, pontua Júlia.
“Falar de Maria Firmina é falar do povo preto. As pessoas estão vendo ali também, de alguma forma, as suas histórias se cruzando. Da mesma forma que a minha história se cruza com a da Maria Firmina, outras pessoas também têm essa mesma percepção. Apresentar este espetáculo é mostrar e confirmar o teatro que é feito no Maranhão. O teatro preto, com base na cultura popular do Maranhão, e que representa muito Maria Firmina [dos Reis]”, acrescenta a atriz.
A entrada para o espetáculo, assim como para as demais atrações do festival, é gratuita por meio do ingresso solidário: o público é convidado a doar 1 kg de alimento não perecível, direcionado a instituições sociais atendidas pelo Programa Sesc Mesa Brasil. Os ingressos poderão ser retirados 1h antes do espetáculo no espaço de cada apresentação.
Veja, abaixo, a programação final completa do festival:
Espetáculos – São Luís (MA)
25/09, às 19h30, no Teatro Sesc Napoleão Ewerton: “O Equilibrista”, Cia. Ynspiração Poéticas Contemporâneas (DF) / Gênero: Teatro contemporâneo / Classificação: 12 anos;
26/09, às 19h30, no Teatro João do Vale: “Cabelos Arrepiados”, Buia Teatro Company (AM) / Gênero: Opereta, teatro para as infâncias / Classificação: Livre;
27/09, às 19h30, no Teatro Sesc Napoleão Ewerton: “Maria Firmina dos Reis, uma voz além do tempo”, Núcleo Atmosfera (MA) / Gênero: Biográfico e autobiográfico / Classificação: Livre;
27/09, às 19h30, no Teatro João do Vale: “Meu amigo Charlie Brown – Tirinhas Musicais”, Encanto Coletivo Cultural (MA) / Gênero: Teatro/ Classificação: Livre;
28/09, às 19h30, no Teatro João do Vale: “A Fábrica dos ventos”, da Trupe Lona Preta (SP) / Gênero: Comédia / Classificação: Livre.
Ações de mediação cultural
Até 28/09, às 15h, no Teatro Sesc Napoleão Ewerton: Escolas públicas (agendadas).
Programação formativa – Caxias (MA)
25/09 (quarta), às 19h, no auditório do Sesc Caxias: “Pensamento Giratório com o Núcleo Atmosfera de Dança-Teatro (MA)”. Mediação: Adriele Bezerra (MA).