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As Mulheres Invadem o Agro | Mundo Agro

O agronegócio tem experimentado uma mudança relevante nos últimos anos, com a crescente presença das mulheres em várias áreas

Fonte: Marcos Fava Neves

“Dizem que a mulher é o sexo frágil, mas que mentira absurda…

Eu que faço parte da rotina de uma delas, sei que a força está com elas”

(Erasmo Carlos)

O agronegócio tem experimentado uma mudança relevante nos últimos anos, com a crescente presença das mulheres em várias áreas, desde a mão de obra nas fazendas até gestão de propriedades e grandes organizações; ou ainda contribuindo para o desenvolvimento de novas tecnologias e práticas sustentáveis com a participação em pesquisas científicas. O aumento da força feminina possibilita uma nova visão holística para um setor que, historicamente, tem os homens como maioria.

Atualmente, a força feminina participa da administração de mais de 30 milhões de hectares de áreas agropecuárias, o que equivale a cerca de 8,4% da área total ocupada pelos estabelecimentos rurais no país, segundo um estudo realizado pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), Embrapa e IBGE. No entanto, elas ainda representam apenas 16,2% da força de trabalho no setor, conforme os dados apresentados no 7º Congresso Nacional de Mulheres do Agronegócio (CNMA). O último Censo Agropecuário de 2017, realizado pelo IBGE, indicou que 19,0% dos estabelecimentos rurais no Brasil são dirigidos por mulheres (gestão única ou compartilhada), o que representa cerca de 1,7 milhão de mulheres, um avanço em relação aos 13% registrados uma década antes.

O “Prêmio Mulheres do Agro” é um importante exemplo de ação desenvolvida para fortalecer. A premiação, criada em 2018 pela Associação Brasileira do Agronegócio (Abag) em parceria com empresas como a Bayer, aborda e premia a atuação de mulheres que se destacam no agronegócio brasileiro. O prêmio é dividido nas categorias “Produtora Rural” (categorias “Grande”, “Média” e “Pequena” propriedade); e “Ciência e Pesquisa”. Desde a sua criação, já reconheceu mais de 50 mulheres, proprietárias e pesquisadoras, ao longo de suas 6 edições. A próxima edição abordará o tema ESG (sigla para Environmental, Social and Governance) como foco no reconhecimento a mulheres que tenham desenvolvido práticas alinhadas com as tendências e expectativas do mercado agro global.

No âmbito dos eventos, o “Congresso Nacional das Mulheres do Agronegócio” (CNMA) se tornou a principal agenda anual para discussão da inclusão e participação do público feminino no setor; e também um dos grandes eventos do agro global. O evento já caminha para a 10ª edição e conta com mais de 4 mil participantes de 26 estados e contando com envolvimento de mais de 50 empresas e 25 horas de conteúdo. Conheça mais sobre o evento em: https://www.mulheresdoagro.com.br

Além das premiações e eventos, alguns movimentos femininos ganham força nos últimos anos para promover a inclusão no setor. Começo destacando o belo trabalho do Núcleo Feminino do Agronegócio (NFA), a 1ª associação de mulheres do setor, criada durante um encontro na Sociedade Rural Brasileira (SRB), e que atualmente une produtoras de diversos estados. Outro exemplo é o da “ABCZ Mulher”, um braço Associação Brasileira dos Criadores de Zebu, que fomenta discussões sobre a mulher no agro brasileiro; evento que já tive a oportunidade de participar e interagir. Outro grande destaque é o grupo “Agroligadas”, que conecta mulheres e divulga ações de trabalho e pesquisa no campo. Ao fortalecer os laços entre as mulheres, essas iniciativas são essenciais para encorajar o protagonismo feminino.

A ampliação da força feminina será essencial para solucionar problemas inerentes ao setor, como a alta escassez de mão de obra no agro e os problemas de sucessão familiar, com a avançada idade média dos trabalhadores rurais; entre outros desafios. Para demonstrar que as mulheres merecem espaço no setor e valorizar a “voz” feminina, novas tendências focadas na inclusão estão ganhando espaço: iniciativas em produtos com selos de “Product Made by Woman” e certificados para empresas que empregam uma alta porcentagem de mulheres. Além disso, processos seletivos exclusivos para mulheres já são comuns em outros setores e estão começando a surgir no agro, e são um caminho para uma maior representatividade feminina.

A maior presença das mulheres no agro não é apenas uma tendência, mas uma força essencial para o desenvolvimento do setor.

 Marcos Fava Neves é professor Titular (em tempo parcial) das Faculdades de Administração da USP (Ribeirão Preto – SP) da FGV (São Paulo – SP) e fundador da Harven Agribusiness School (Ribeirão Preto – SP). É especialista em Planejamento Estratégico do Agronegócio. Confira textos e outros materiais em harvenschool.com e veja os vídeos no Youtube (Marcos Fava Neves). Agradecimentos a Vinícius Cambaúva e Rafael Rosalino.

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