A proposta de emenda constitucional (PEC) que acaba com a escala de trabalho 6×1 no Brasil foi alvo de críticas do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, durante palestra no 12° Fórum Liberdade e Democracia de Vitória, organizado pelo Instituto Líderes do Amanhã, nessa quinta-feira (14).
Segundo Campos Neto, o projeto “é bastante prejudicial ao trabalhador, porque no final ele vai aumentar o custo do trabalho, aumentar a informalidade e diminuir a produtividade da economia”.
“Aumentando a obrigação dos empregadores, a gente não melhora o direito dos trabalhadores. A gente tem essa ilusão de curto prazo que se mostra contrária no médio e longo prazo”, afirmou Campos Neto.
O presidente do BC ainda afirmou que a reforma trabalhista do governo de Michel Temer melhorou a condição do mercado de trabalho, por meio do aumento da flexibilização.
Campos Neto destacou que os economistas “têm errado bastante” nos últimos anos ao fazer projeções para a taxa de desemprego, que tem se provado mais resiliente em níveis baixos do que o esperado.
A economia do Brasil também tem se mostrado forte, destacou Campos Neto. Mesmo assim, com exceção aos Estados Unidos, a produtividade global não tem aumentado, o que dificulta ainda mais o problema de endividamento mundial, agravado desde a pandemia de covid-19, ressaltou.
Para Campos Neto, o alto nível de dívida dos países retira liquidez do sistema financeiro global e não permite que os programas de transferências de renda sigam tão grandes como atualmente.
“Em algum momento, o efeito cumulativo disso vai acabar batendo na capacidade dos países mais pobres e das empresas com classificação de risco mais baixa de rolarem a sua dívida”, alertou.