Desde a eleição de Trump os preços das criptomoedas não param de subir. Na última semana a bitcoin bateu seu recorde – US$ 90.507,64, mais de R$ 520 mil. Dito de outra maneira, com uma bitcoin é possível comprar um apartamento na região da Av. Paulista.
Boa parte dos especialistas em criptos acredita que a moeda digital deve atingir a US$ 100 mil ainda neste ano. É difícil explicar esse rali de maneira somente racional. São vistas como principais razões a crescente demanda por fundos negociados em Bolsa (ETFs) de bitcoin, a redução da oferta ocorrida em abril passado, mas, sem dúvida essa valorização está diretamente associada à eleição de Trump.
O eleito prometeu transformar os EUA no “centro cripto do planeta” e sugeriu uma reserva estratégica de bitcoin do governo americano. Além disso, Elon Musk foi nomeado para comandar o recém-criado Departamento de Eficiência Governamental (Doge).
Inspirado nesse fato o mercado criou a Dogecoin. Essa moeda – se assim pode ser chamada – está valendo perto de R$ 2,20, e a sua capitalização de mercado está acima de R$ 300 bilhões. É uma memecoin, inspirada em memes da internet. Além da Doge, há outras memecoins, como o Shiba Inu (Shib), apelidada de “Dogecoin Killer” e a Pepe Coin, inspirada no sapo Pepe.
São ativos altamente especulativos, movimentados pelo “hype” de mercado e sem fundamento técnico – pura emoção e pressão social. O que se pergunta são as razões que levam as pessoas a essa aceitação de riscos “jogando” seu dinheiro nesse tipo de ativo, e da mesma forma nas bets, mesmo sabendo dos altos riscos e da possibilidade de perdas.
Os especialistas admitem que é uma combinação de fatores psicológicos e sociais – prazer da emoção e enfrentamento do risco, apelo ao ganho rápido, vícios comportamentais, influência e pressão social, como também o medo de perder uma oportunidade, comportamento conhecido como Fomo (Fear of Missing Out). É comum as pessoas verem o rali de um ativo e entrar no mercado com medo de perder o barco da grande “próxima chance”, mas não entendendo que o momento já passou e quem entrou atrasado é que vai pagar a conta.
Lidar com esse comportamento exige autoconhecimento, definição de limites, foco no longo prazo, planejamento, dedicação e educação financeira. São comportamentos humanos enraizados em nossa psicologia e história evolutiva. Enquanto isso, tem muita gente ganhando dinheiro com isso.
”A ganância insaciável é um dos tristes fenômenos que nunca cessam de destruir os homens” – Heródoto.