Os preços da carne bovina voltaram a subir em novembro, contribuindo significativamente para o avanço de 0,39% no Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), divulgado nesta terça-feira (10) pelo IBGE. No último mês, a carne registrou alta de 8,02%, acumulando aumento de 15,43% nos últimos 12 meses e de 14,80% no ano de 2024.
De acordo com especialistas, a tendência é que os preços continuem elevados em 2025 e até no início de 2026. “Esse não é um tipo de produção que se regulariza da noite para o dia”, explica Juliana Inhasz, doutora em economia pela USP e professora do Insper.
Entre os cortes bovinos, o patinho lidera as altas com 19,63% nos últimos 12 meses, seguido pelo acém (18,33%), carne de porco (17,16%), peito (17%), lagarto comum (16,91%) e alcatra (15,91%). Por outro lado, o fígado foi a única carne bovina que registrou queda, ficando 3,62% mais barata no mesmo período. As aves também acompanham a tendência de alta, com o frango inteiro subindo 6,83% e o frango em pedaços, 9,26%.
Fatores por Trás da Alta nos Preços da Carne
A elevação dos preços da carne pode ser atribuída a uma combinação de fatores estruturais e conjunturais. Um dos principais motivos é a “virada no ciclo do boi”, que ocorre após anos de elevados abates, resultando em uma redução significativa na oferta de bovinos.
Além disso, o mercado de trabalho em recuperação, com a taxa de desemprego em 6,2% no terceiro trimestre de 2024, e o aumento da renda média do trabalhador brasileiro também têm impulsionado a demanda interna. “A população está consumindo mais carne, o que, combinado com a redução da oferta, cria a receita perfeita para o aumento dos preços”, afirma Inhasz.
O clima também desempenhou um papel relevante, com períodos prolongados de seca e queimadas afetando a produção. Outro fator determinante é o aumento da demanda internacional pela carne brasileira, que estimula as exportações e reduz a oferta disponível no mercado doméstico.
Apesar das incertezas que podem influenciar o mercado, a economista destaca que a tendência de preços pressionados deve persistir. “Muita coisa pode acontecer, mas ao que tudo indica, vamos continuar em um cenário de preços elevados”, conclui.