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Malala denuncia destruição do sistema educacional de Gaza por Israel

De volta ao Paquistão, ativista denuncia que Estado judeu também atacou ‘indiscriminadamente civis

Fonte: Com AFP

A ativista paquistanesa e ganhadora do Prêmio Nobel da Paz, Malala Yousafzai, denunciou neste domingo a destruição do sistema educacional em Gaza pelos ataques israelenses, levados a cabo após o ataque terrorista liderado pelo Hamas em 7 de outubro. De acordo com o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), ocorreram pelo menos 226 ataques contra as escolas no enclave palestino entre o início da guerra e novembro de 2024. Mais de 95% das escolas foram parcial ou completamente destruídas na guerra.

— Eles bombardearam todas as universidades, destruíram mais de 90% das escolas e atacaram indiscriminadamente civis que se abrigavam em prédios escolares — disse a jovem de 27 anos em uma cúpula em Islamabad sobre educação de meninas em nações islâmicas, acrescentando diante de dezenas de representantes de países muçulmanos reunidos na capital paquistanesa: — Continuarei a denunciar as violações israelenses do direito internacional e dos direitos humanos.
Malala destacou:

— As crianças palestinas perderam suas vidas e seu futuro.

Israel alega que os combatentes do Hamas estão escondidos nas escolas de Gaza, onde as famílias também estão abrigadas. Em outubro passado, um ataque do Exército israelense a uma escola e um complexo hospitalar palestinos matou pelo menos 24 pessoas. A ação, além de mortal, também atrasou o início de uma campanha internacional contra a poliomielite.

Ainda de acordo com o Unicef, pelo menos 658 mil crianças em idade escolar foram desconectadas de todas as atividades formais de aprendizagem. Pela primeira vez em uma década, destacou, uma turma de formando não conseguiu concluir os requisitos para se formar. A agência da ONU destacou em comunicado de novembro que “ataques contra escolas, sejam elas servindo como locais de educação ou abrigo para os deslocados, são uma grave violação contra crianças”.

‘Não os legitimem’

A ativista também pediu aos líderes muçulmanos que não deem “legitimidade” ao Talibã no poder no Afeganistão e que demonstrassem verdadeira “liderança” em relação ao ataque aos direitos das mulheres.

— Não os legitimem (…) os talibãs não consideram as mulheres como seres humanos [e] escondem seus crimes sob o pretexto de justificativas culturais e religiosas — denunciou, provocando as lideranças: — Como líderes muçulmanos, agora é a hora de levantar suas vozes, usar seu poder. Vocês podem mostrar a verdadeira liderança. Vocês podem mostrar o verdadeiro Islã.

A conferência de dois dias reuniu ministros e autoridades educacionais de dezenas de países de maioria muçulmana, com o apoio da Liga Mundial Muçulmana (MWL). Desde que voltou ao poder em 2021, o governo Talibã impôs uma versão austera da lei islâmica que as Nações Unidas rotularam de “apartheid de gênero”. O Afeganistão é o único país do mundo onde as meninas são proibidas de frequentar a escola secundária e a universidade.

Os delegados do governo talibã do Afeganistão não compareceram ao evento, apesar de terem sido convidados, disse o ministro da Educação do Paquistão, Khalid Maqbool Siddiqui, à AFP no sábado. Muhammad al-Issa, um clérigo saudita e secretário-geral do MWL, disse no sábado à cúpula que “aqueles que dizem que a educação das meninas não é islâmica estão errados”.

O canal estatal PTV do Paquistão censurou uma parte do discurso da ativista que fazia alusão a um esquema de deportação em massa de Islamabad, lançado em 2023, que fez com que centenas de milhares de cidadãos afegãos partissem sob ameaça de prisão.

Em 2012, quando tinha 15 anos de idade e defendia o direito das meninas à educação no Paquistão, Malala foi baleada no rosto pelo Talibã paquistanês em um ônibus escolar no remoto Vale do Swat, próximo à fronteira com o Afeganistão. Posteriormente, ela foi deslocada para o Reino Unido, onde vive e se tornou uma porta-voz global do direito das meninas à educação. Em 2014, aos 17 anos de idade, ela se tornou a mais jovem ganhadora do Prêmio Nobel da Paz.

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