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A Epigenética e o Impacto do Ambiente na Saúde Mental

Tudo tem um começo. Na psicologia, tudo sempre começa com observações. Alguns anos atrás, fui convidado para uma palestra direcionada a professores que ainda viviam sob o impacto do pós-pandemia, lidando com perdas irreparáveis de entes queridos. Diante do desafio, aceitei. A principal pergunta que me fiz foi: “Como as pessoas adoecem? Quais os mistérios […]

Fonte: Ronaldo Kroeff

Tudo tem um começo. Na psicologia, tudo sempre começa com observações. Alguns anos atrás, fui convidado para uma palestra direcionada a professores que ainda viviam sob o impacto do pós-pandemia, lidando com perdas irreparáveis de entes queridos. Diante do desafio, aceitei. A principal pergunta que me fiz foi: “Como as pessoas adoecem? Quais os mistérios que envolvem os transtornos psicológicos?” Sabemos que a tristeza é inerente ao ser humano diante das perdas, mas o que desencadeia doenças como a depressão? Foi essa inquietação que me levou a pesquisar.

Minha investigação revelou que, em 1882, com a chegada da luz elétrica, iniciou-se um processo de alteração no relógio biológico humano. Antes disso, a humanidade seguia um ciclo natural, dormindo com o pôr do sol e acordando com o nascer do dia. A luz elétrica introduziu atividades noturnas e alterou profundamente nossos hábitos, mas nosso cérebro primitivo, moldado por milênios de evolução, ainda tenta funcionar de acordo com as regras naturais. Essa discrepância começou a desencadear problemas de saúde física e mental, abrindo um campo de estudo fascinante na relação entre ambiente e comportamento.

Os estudos sobre os efeitos da luz no cérebro revelam que a exposição prolongada à luz artificial, especialmente à luz branca ou azul, pode desregular o ciclo circadiano, comprometendo a produção de melatonina, o hormônio responsável pelo sono. Pesquisas conduzidas por Figueiro e Rea (2010) demonstram que a exposição inadequada à luz pode levar a distúrbios como insônia, ansiedade e até depressão. Além disso, a luz natural, fundamental para a produção de vitamina D, regula diversos processos biológicos, incluindo a saúde óssea e o sistema imunológico.

A epigenética entra como um pilar nesse entendimento. Ela estuda como fatores ambientais e comportamentais podem ativar ou silenciar genes herdados de nossos ancestrais. Assim, mesmo mudanças introduzidas há gerações, como a chegada da luz elétrica, continuam a impactar nossos marcadores epigenéticos. Estudos recentes mostram que hábitos modernos, como exposição a dispositivos eletrônicos antes de dormir, intensificam o estresse no organismo, perpetuando alterações genéticas prejudiciais.

Inspirado por essas descobertas, desenvolvi a Terapia Centrada no Ambiente (TCA). Essa abordagem busca analisar e reequilibrar o ambiente do paciente, ajudando a mitigar os impactos negativos na saúde mental. Baseada em marcadores epigenéticos, a TCA foca em restaurar um equilíbrio entre corpo, mente e ambiente, ajudando as pessoas a se reconectarem com hábitos que promovem bem-estar e saúde.

A epigenética e os estudos sobre luz mostram que o que fazemos diariamente, os ambientes que habitamos e até mesmo as escolhas de nossos ancestrais moldam quem somos e como nos sentimos. Olhar para o passado e entender nossas origens nos oferece ferramentas para melhorar nosso futuro e ajudar a construir uma vida mais saudável e equilibrada.

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