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Venda de emendas por deputados maranhenses tinha ameaça com armas, aponta PF

O esquema funcionava com a exigência da devolução de 25% dos valores de emendas destinadas à saúde em São José de Ribamar

Fonte: Da redação com informações do G1

Os deputados federais do PL Josimar Maranhãozinho (MA), Pastor Gil (MA) e Bosco Costa (SE) denunciados pela PGR — Foto: Cleia Viana/Câmara dos Deputados e Mário Agra/Câmara dos Deputados

Uma investigação conduzida pela Polícia Federal revelou um esquema de venda de emendas parlamentares envolvendo três deputados federais do PL, caracterizado por uma estrutura organizada com divisão de tarefas e uso de ameaças armadas contra gestores municipais. O relatório da PF aponta que a organização criminosa era composta pelos deputados Josimar Maranhãozinho (PL-MA), Pastor Gil (PL-MA) e Bosco Costa (PL-SE), além de lobistas e um agiota identificado como Josival Cavalcanti da Silva, conhecido como “Pacovan”.

O esquema funcionava com a exigência da devolução de 25% dos valores de emendas destinadas à saúde em São José de Ribamar, no Maranhão. Segundo a PF, os parlamentares tomavam empréstimos com o agiota Pacovan e, em seguida, direcionavam emendas para o município. Quando os recursos federais eram liberados para a prefeitura, o grupo ameaçava o prefeito para garantir o repasse de uma parte do dinheiro, que deveria ser integralmente utilizado em ações de saúde, para quitar as dívidas contraídas com o agiota.

Mensagem de agiota mostra lista de deputados que teriam participado de esquema de venda de emendas — Foto: Reprodução/Relatório da PF

O relatório detalha que Josimar Maranhãozinho liderava o esquema, sendo responsável não apenas pelo direcionamento das emendas, mas também por coordenar a cobrança dos valores desviados, utilizando inclusive uma estrutura armada para intimidar gestores municipais. O esquema foi denunciado em 2020 por Eudes Sampaio, então prefeito de São José de Ribamar, que afirmou ter sido extorquido e ameaçado, inclusive com pressões contra seus familiares. Diante das ameaças, Sampaio apresentou uma notícia-crime à Justiça Federal do Maranhão, e o caso foi remetido ao Supremo Tribunal Federal (STF) devido ao envolvimento de parlamentares federais.

A PF informou que, após a denúncia, a Justiça determinou a prisão do agiota Pacovan e de outros integrantes da organização criminosa que não possuem foro privilegiado. A investigação abrange três emendas parlamentares que, juntas, somam R$ 6,7 milhões, dos quais R$ 1,6 milhão teriam sido exigidos ilicitamente do gestor municipal.

No detalhamento das funções de cada deputado no esquema, a PF descreve Josimar Maranhãozinho como o líder da organização criminosa, utilizando sua experiência na captação e desvio de emendas, além de comandar uma estrutura operacional para exigir a devolução dos recursos. Pastor Gil fazia parte do núcleo político da organização, desviando recursos de emendas de sua autoria e negociando diretamente com prefeitos. Já Bosco Costa também integrava o núcleo político, participando ativamente das negociações com lobistas e no desvio das verbas parlamentares.

O que dizem as defesas

A defesa do deputado Pastor Gil diz que aguarda o julgamento da denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR) pela Primeira Turma do STF, “confiante de que os esclarecimentos apresentados conduzirão ao reconhecimento da inocência” do parlamentar.

As defesas de Bosco Costa, que é suplente e não está em exercício do mandato parlamentar, e Josimar Maranhãozinho, ainda não se manifestaram.

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