O sono é essencial para o bem-estar mental, social e físico dos seres humanos. O ronco, uma condição que afeta 44% dos homens e 28% das mulheres na população adulta entre 30 e 60 anos, pode comprometer a qualidade de sono e a saúde cardíaca do roncador. Ele decorre de uma obstrução ou semiobstrução das vias aéreas durante o sono, o que gera vibrações dos tecidos moles na região posterior da garganta, mais comumente.
A percepção do ronco frequentemente se dá por terceiros, como cônjuges, parceiros ou até amigos, que notam o ruído e, em casos mais avançados, o próprio paciente percebe que não está dormindo bem. O ronco pode ser classificado em baixo, médio e alto, chegando ao recorde mundial de ronco mais alto já gravado ser de 92 decibéis. O que muitas vezes gera constrangimentos em situações sociais, como viagens ou encontros.
O barulho do ronco não afeta apenas o sono da pessoa que convive com esse problema, mas também o parceiro que, muitas vezes, sofre com a interrupção de seu sono que foi denominado de ‘roncador passivo’. A rotina de convivência com este som todas as noites pode gerar estresse e irritabilidade no parceiro de quarto.
Relatos de casais dormindo em quartos separados são comuns, o que pode gerar distanciamento emocional e quando o ronco se torna excessivo tem levado até à separação matrimonial. Numa pesquisa realizada nos EUA viu-se que cerca de 12 % dos casais dormem em quartos separados. Como explicar um impacto tão grande? Não é uma questão de ronco em si mas sim no efeito que noites mal dormidas podem ter em qualquer relacionamento.
Muitas vezes o ronco vira motivo de piada de mau gosto entre os cônjuges, determinando desgaste nos relacionamentos e na intimidade do casal, levando o ronco a ser considerado um fator de risco para o divórcio que só fica atrás de infidelidade e problemas financeiros.
O ronco pode gerar um problema de comunicação pois o parceiro de quarto do roncador não consegue dimensionar ao roncador o efeito completo do problema, já que a percepção de quem ronca é muito mais sútil. Os momentosantes de dormir, já no leito, são instantes usados nas famílias e na vida a dois para se fazer planos familiares, tomar decisões, resolver problemas e construir sonhos, e assim regar os relacionamentos e os tornar sólidos.
O ronco pode não estar determinando nenhum problema imediato de saúde física mas na maioria das vezes elepode ser causado por apneia do sono (quando a obstrução das vias aéreas leva a pessoa a parar de respirar durante o sono). E isso precisa ser pesquisado, daí a importância de procurar auxílio médico para adequada investigação diagnóstica.
Tratar o ronco é muito importante tanto para a saúde dos relacionamentos, quanto para evitar o aparecimento dedoenças cardiovasculares (hipertensão arterial de difícil controle, doença arterial coronariana e insuficiência cardíaca), derrames cerebrais, diabetes, distúrbios de memória, problemas psicológicos como depressão e ansiedade entre outros. Não continue roncando, cuide do seu relacionamento!
Médica Otorrinolaringologista (CRM 6824/RQE 1818)
Doutora em Otorrinolaringologia
Professora do Curso de Medicina UFMA- SLZ
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