O número de brasileiros com ensino superior completo aumentou expressivamente nas últimas décadas, passando de 6,8% em 2000 para 18,4% em 2022. Os dados fazem parte do Censo 2022, divulgado nesta quarta-feira (26) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Apesar do avanço, a pesquisa mostra que a distribuição dos diplomas entre diferentes grupos sociais ainda apresenta disparidades significativas. A área de Negócios, Administração e Direito concentra o maior número de graduados no país, somando 8,4 milhões de pessoas. Em seguida, aparecem os cursos da área de Saúde e Bem-Estar (4,1 milhões) e Educação (3,6 milhões). Esse padrão reflete a alta demanda do mercado por profissionais nessas áreas, além das oportunidades de carreira que elas oferecem.
O aumento da população com ensino superior foi verificado em todos os grupos raciais, mas as diferenças ainda são marcantes. A parcela de pessoas negras com nível superior cresceu expressivamente nos últimos anos, mas ainda está bem abaixo da média nacional. Em 2000, apenas 2,1% dos pretos possuíam ensino superior, percentual que subiu para 11,7% em 2022. Entre os pardos, a taxa passou de 2,4% para 12,3% no mesmo período. Já entre os brancos, o percentual saltou de 9,9% para 25,8%, consolidando a desigualdade de acesso à graduação.
As mulheres representam a maioria dos graduados no país, correspondendo a 20,7% da população com ensino superior completo, contra 15,8% dos homens. No entanto, há diferenças consideráveis nas áreas escolhidas. Algumas graduações são amplamente dominadas por mulheres, como Serviço Social, onde 93% dos diplomados são do sexo feminino. O mesmo ocorre em Enfermagem (86,3%) e Formação de Professores (92,8%). Por outro lado, as mulheres ainda são minoria em cursos tradicionalmente ocupados por homens, como Engenharia Mecânica e Metalurgia, em que representam apenas 7,4% dos formados. Esse padrão reflete a persistência de estereótipos de gênero no mercado de trabalho e na escolha profissional.
A desigualdade racial também é evidente na distribuição dos cursos universitários. Em áreas de maior prestígio social e retorno financeiro, como Medicina, a predominância de alunos brancos ainda é expressiva: 75,5% dos formados pertencem a esse grupo, enquanto apenas 19,1% são pardos e 2,8% pretos. Em contrapartida, em cursos como Serviço Social, a participação de pessoas negras (pretos e pardos) é mais significativa, chegando a 52%. Uma das poucas áreas em que a presença de negros supera a de brancos é Religião e Teologia, onde 50,8% dos graduados se identificam como pretos ou pardos. Esse cenário reforça a necessidade de políticas públicas que ampliem o acesso ao ensino superior e promovam maior equidade entre os diferentes grupos sociais.