A cantora e pastora Baby do Brasil se tornou alvo de uma representação no Ministério Público de São Paulo (MP-SP) após uma pregação realizada durante um culto na boate D-Edge, em São Paulo. A deputada federal Sâmia Bomfim (PSOL-SP) acionou o órgão para investigar as declarações da artista, que viralizaram nas redes sociais e geraram críticas.
O evento ocorreu na última segunda-feira (10) na casa noturna localizada na Barra Funda, um dos espaços mais tradicionais de música eletrônica da capital paulista. Durante a pregação, Baby fez um apelo pelo perdão e citou situações de abuso sexual. “Perdoa tudo o que tiver no seu coração nesse lugar, perdoa. Se teve abuso sexual, perdoa. Se foi na família, perdoa. Se é briga de família, mãe, filho, pai, perdoa”, disse a cantora.
A declaração repercutiu negativamente e foi interpretada por muitos como uma tentativa de silenciar vítimas e minimizar a gravidade dos abusos. Para a deputada Sâmia Bomfim, o discurso ultrapassou os limites da liberdade religiosa e representou um incentivo à impunidade. “A fala de Baby do Brasil tem forte impacto pois, além de artista famosa, ela é uma líder religiosa, que leva as mulheres a acreditarem que não devem denunciar seus agressores. Baby flagrantemente cometeu incitação ao crime e condescendência criminosa, pois reforçou uma cultura de silenciamento e impunidade”, afirmou a parlamentar ao jornal O Globo.
O evento, chamado “Frequência de Deus”, foi idealizado pelo DJ e empresário Renato Ratier, proprietário da boate, e contou com a participação dos pastores Pedro e Samuel Santana, pai e filho. Além de pedir a investigação sobre as falas de Baby, Sâmia solicitou ao Ministério Público que avalie a conduta da D-Edge, alegando que o estabelecimento foi omisso diante do ocorrido. “A imunidade religiosa tem sido frequentemente usada como escudo para justificar crimes e perpetuar a violência”, argumentou a deputada.
De acordo com o MP-SP, a representação foi encaminhada à Promotoria de Justiça de Direitos Humanos da Capital, que está analisando o caso.
Diante da repercussão, Baby do Brasil usou as redes sociais para se defender e afirmou que suas palavras foram tiradas de contexto. Em um vídeo publicado na internet, a cantora alegou que sua pregação foi mal interpretada e negou qualquer apoio a abusadores. “Eu estou falando do perdão que liberta, do perdão que está nas Escrituras Sagradas, o perdão bíblico. Eu não estou falando do perdão que abre mão da justiça, que inocenta alguém do seu erro ou isenta qualquer crime da devida responsabilização”, explicou.
Baby também citou uma passagem do livro de Mateus, capítulo 5, na qual Jesus ensina sobre o amor ao próximo, incluindo inimigos. “Entrego nas mãos de Deus todas as acusações e todos os cortes de vídeos, falas e etc., descontextualizados, que possam confundir ou causar interpretações equivocadas”, declarou.
Ao encerrar sua manifestação, a cantora afirmou que perdoa aqueles que a criticaram. “A todos que não haviam entendido minha fala e me atacaram, sinceramente, estão perdoados em nome de Jesus”, concluiu.