Cânticos, palmas e a força coletiva das quebradeiras de coco deram o tom de abertura à programação do São João de Oportunidades, ação promovida pelo Sebrae em Chapadinha entre os dias 14 e 17 de junho. O evento, em formato de missão técnica, percorreu comunidades e espaços rurais dos municípios de Chapadinha, Anapurus e Santana do Maranhão, revelando caminhos promissores para o desenvolvimento do turismo ecológico e de base comunitária no Baixo Parnaíba.
Na comunidade Canto do Ferreira, em Chapadinha, o protagonismo foi das mulheres da Associação de Quebradeiras de Coco Babaçu. Em meio a cantos tradicionais e produtos expostos com orgulho, elas apresentaram aos visitantes o aproveitamento integral do fruto que movimenta a economia local. Óleo, azeite, farinha, biscoitos e bolos compõem a linha de produção artesanal feita a partir do babaçu.
Para Geocilene Guimarães, presidente da associação, a presença de técnicos e parceiros na comunidade ajuda a visibilizar um trabalho que vai muito além do extrativismo. “Essa divulgação abre caminhos. Aprendemos, trocamos ideias, mostramos nossa força. Não ficamos dependentes apenas de apoio eventual, podemos crescer e gerar mais renda”, afirmou.
Caminhos de natureza e memória em Anapurus
A segunda etapa da missão técnica levou os participantes à Reserva Ambiental de Anapurus. Guiados pelo biólogo José Augusto, os visitantes caminharam entre buritizais, avistaram preguiças, saguis e espécies vegetais nativas como a orquídea baunilha. Da reserva, o grupo seguiu para a Fazenda Brejão, onde uma apresentação do grupo Realeza de Boa Nova trouxe à tona 20 anos de tradição da dança portuguesa, com figurinos marcantes e coreografias coreografadas com elegância e disciplina.
Na manhã seguinte, uma trilha ecológica revelou o ecossistema de brejo da fazenda, que abriga a maior concentração de buritizais do estado — são cerca de 20 mil pés espalhados por 10 hectares. A visita também marcou a abertura do Museu da Beata, espaço criado por Lindomar Torres em homenagem à avó, dona Beatriz Lima de Jesus. Com mobília antiga, utensílios domésticos e objetos do cotidiano rural, o acervo celebra a memória camponesa.
“O que era um conselho virou propósito. O Sebrae viu aqui um potencial turístico e eu fui atrás. Hoje, esse espaço conta a história de quem vive no campo com dignidade, trabalho e memória”, disse Lindomar.
Tradição e resistência feminina em Santana do Maranhão
Em Santana do Maranhão, a cultura popular tomou o centro da cena com o ensaio itinerante do bumba meu boi Águas do Magu. Em ritmo de orquestra, o grupo emocionou com seus movimentos coreografados e a força simbólica de uma manifestação que expressa identidade e resistência.
Outro destaque do roteiro foi a visita à Fábrica de Produção do Biscoito Magu, onde quatro mulheres tocam uma produção artesanal feita com goma de mandioca e fornos de barro. Marinês da Conceição, uma das integrantes, resumiu o momento: “É a realização de um sonho. Lutamos com dignidade e agora mostramos nosso trabalho a quem pode ajudar a impulsionar ainda mais.”
O encerramento da missão técnica foi marcado por visitas aos balneários do Rio Magu, com paisagens que unem lazer, potencial turístico e sustentabilidade.
Para o gerente do Sebrae em Chapadinha, Gilson Menezes, a ação reforça o papel da economia criativa e da organização comunitária como motores de desenvolvimento. “O Baixo Parnaíba tem riquezas naturais e culturais que precisam ser reconhecidas. Essa missão revelou que investir nas pessoas e nas tradições pode abrir caminhos reais para o turismo sustentável, com geração de renda e valorização local”, concluiu.