O Ministério da Justiça e Segurança Pública está desenvolvendo o projeto Captura, que reunirá e divulgará uma lista com os criminosos mais procurados do país. A primeira etapa da iniciativa consiste na solicitação, feita aos estados, de uma relação com os oito foragidos mais perigosos. A suspeita é de que a maioria deles esteja escondida no Rio de Janeiro, que atualmente acumula 249 pedidos de apoio interestadual para captura de líderes do tráfico supostamente abrigados em comunidades da região metropolitana.
Além da criação da lista, o projeto estuda oferecer recompensas financeiras a quem fornecer informações que levem à prisão dos criminosos, embora a medida enfrente entraves orçamentários. A proposta foi apresentada em abril, em uma reunião realizada na capital fluminense. O governador Cláudio Castro já havia levado a Brasília sugestões para reforçar a segurança pública, enquanto o ministério informou que a data de início do projeto ainda não foi definida. O valor das possíveis recompensas segue em debate no gabinete do ministro Ricardo Lewandowski.
A ideia é tornar públicas informações como nomes, apelidos, fotos e detalhes sobre os criminosos mais procurados. Embora alguns estados já mantenham listas semelhantes disponíveis ao público, outros optam por sigilo estratégico. A divulgação nacional visa também fortalecer a integração entre as polícias. Quando houver indícios de que um foragido está no Rio de Janeiro, agentes do estado de origem deverão se deslocar para atuar em conjunto com as forças locais.
A proposta inclui ainda a atualização contínua das listas estaduais, já adotada por estados como São Paulo e Espírito Santo. A sede do projeto ficará no Rio e servirá como base para as equipes visitantes, oferecendo suporte logístico e promovendo intercâmbio entre os agentes estaduais.
O Espírito Santo já encaminhou sua lista com nomes como Bruno Gomes Faria (Nono), líder do Terceiro Comando Puro, e outros membros da facção, como Marcos Luiz Pereira Junior (MK), Cassio Lorencini Martins (Cassinho), Alvino Pinheiro Bastos (Calango), Bryan Lyrio Deolindo, Sergio Raimundo Soares da Silva Filho (Cauê), Paulo Luiz de Souza Cardoso e Eduardo Luiz Dias dos Santos.
Sergipe enviou os nomes de Denisson Fábio Andrade Guimarães (Denison), José Cleber Ferreira Soares (Gago), Wesley Alves Valadares (Galeguinho), Ernesto Joaquim dos Santos Neto (Ernestinho), Magno Gabriel Farias dos Santos (Magno), Jhonata Willames Leite Araújo (Jhon), Genivaldo Alves dos Santos (Barrão) e Wildemberg Ferro da Silva.
O Ceará também elaborou sua lista, que inclui Carlos Mateus da Silva Alencar (Fiel/Skidum), Felipe Oliveira Domingues (Deputado/Vereador), Gilberto de Oliveira Cazuza (Gilberto), Hunderlan Rodrigues de Jesus Silva (Derlan/Justiceiro), Jangledson de Oliveira (Nem da Gerusa), José Mario Pires Magalhães (ZM) e Airton de Mesquita (Airton da Conquista).
Segundo especialistas em segurança, a geografia dos morros e o forte armamento dos criminosos fazem do Rio de Janeiro um refúgio ideal para foragidos. Atraem também as áreas de lazer construídas por traficantes em favelas, com obras luxuosas e festas regulares, que ajudam a manter o controle territorial e a oferecer abrigo a líderes do crime organizado de outros estados.