Um boato envolvendo o prêmio de R$ 127 milhões da Mega-Sena, sorteado no último sábado (21), provocou uma onda de ameaças e constrangimentos contra uma família de Matozinhos, cidade da Grande Belo Horizonte. A informação falsa, divulgada nas redes sociais por um vizinho, afirmava que uma idosa de 60 anos teria sido a ganhadora do prêmio milionário.
A mensagem se espalhou rapidamente por grupos de moradores do município e gerou uma série de reações perigosas. Parentes da idosa relataram ligações com ameaças de sequestro, pedidos de dinheiro e movimentações suspeitas próximas à residência.
“Tem pessoas estranhas olhando para cá. Estão ligando para o meu sobrinho e ameaçando nos sequestrar se não transferirmos o dinheiro que a gente nem ganhou”, relatou a mulher, sob anonimato.
Apesar da gravidade da situação, a família ainda não registrou boletim de ocorrência, mas a Polícia Civil informou que está ciente do caso e aguarda a formalização da denúncia para iniciar uma investigação.
Boato partiu de “experimento social”, diz autor
O responsável por iniciar o boato foi identificado como um vizinho da família. Ele alegou que a intenção era realizar um “experimento social”, para mostrar como as pessoas acreditam facilmente em informações sem checar a veracidade.
“Eu avisei à família que ia mandar a mensagem como brincadeira. Postei em um único grupo. Depois, outras pessoas começaram a inventar que ela saiu gritando na rua, na UPA, até no aeroporto”, disse o homem, de 33 anos.
O caso revela como uma brincadeira de mau gosto pode ter consequências reais e perigosas, especialmente em cidades pequenas, onde informações falsas se espalham com rapidez.
Caixa Econômica desmente ligação com a idosa
A Caixa Econômica Federal confirmou que o verdadeiro ganhador do prêmio já se apresentou para retirar o valor, e destacou que a aposta vencedora foi feita presencialmente, descartando qualquer ligação com a moradora mencionada nos boatos. A idosa, por sua vez, reconheceu que apostou na Mega-Sena, mas de forma online e sem acerto dos números sorteados.
Desde então, a família enfrenta pedidos inusitados: doações, carros e até a entrega da hamburgueria que pertence à idosa. “Nem meus melhores amigos estão acreditando que é mentira”, lamentou.
Alerta contra desinformação
O episódio reforça o alerta sobre o impacto da desinformação nas redes sociais. Especialistas recomendam não compartilhar mensagens sem confirmação da fonte e lembram que situações como essa podem configurar crime, especialmente quando envolvem ameaças ou danos à reputação.
A orientação das autoridades é clara: em casos semelhantes, é fundamental registrar boletim de ocorrência e buscar apoio legal.