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Brasileiras estão se tornando mães mais tarde e número de filhos diminui

Censo aponta que taxa é de 1,55 filhos por mulher, abaixo de países como França e EUA

Fonte: Da redação

A taxa de fecundidade no Brasil atingiu, em 2022, o menor nível já registrado na série histórica iniciada em 1940. Segundo dados divulgados nesta sexta-feira (27) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o índice foi de 1,55 filho por mulher, bem abaixo do nível de reposição populacional, que é de 2,1 filhos. Em 1960, essa taxa era de 6,28. A queda reflete uma tendência que vem se consolidando há décadas, marcada por transformações sociais, econômicas e culturais no país.

O levantamento mostra que, além de terem menos filhos, as brasileiras também estão engravidando mais tarde. Em 2022, a idade média para ter filhos foi de 28,1 anos, ante 26,3 anos em 2000 e 26,8 anos em 2010. Entre os estados, o Distrito Federal apresentou a maior idade média de fecundidade (29,3 anos), enquanto o Pará teve a menor (26,8 anos). Em São Paulo, a idade média foi de 28,9 anos, seguido por Minas Gerais e Rio de Janeiro, ambos com 28,5 anos.

Os dados fazem parte do Censo Demográfico 2022 e indicam também que aumentou o número de mulheres entre 50 e 59 anos que não tiveram filhos. Em 2022, 16,1% das mulheres dessa faixa etária afirmaram não ter filhos, ante 10% em 2000 e 11,8% em 2010. As maiores proporções foram registradas no Rio de Janeiro (21%), São Paulo (17,9%) e Ceará (17,5%). As menores ocorreram em Tocantins (11,8%), Rondônia (12,7%) e Santa Catarina (12,8%).

A tendência de queda da fecundidade, segundo o IBGE, começou nas regiões mais urbanizadas e desenvolvidas, como o Sudeste e o Sul, e agora se dissemina pelo restante do país. Em 2022, o Sudeste teve a menor taxa (1,41 filho por mulher), seguido pelo Sul (1,50). O Norte ainda apresenta o maior índice (1,89), enquanto o Nordeste e o Centro-Oeste registraram taxas de 1,60 e 1,64, respectivamente.

O recorte por cor ou raça revela que as mulheres indígenas possuem a maior taxa de fecundidade (2,84 filhos), seguidas por mulheres pardas (1,68), pretas (1,59), brancas (1,35) e amarelas (1,22). Já em relação à escolaridade, mulheres sem instrução ou com ensino fundamental incompleto tiveram, em média, 2,01 filhos. Entre aquelas com ensino superior completo, a taxa foi de apenas 1,19.

A diferença na idade média para ter filhos também se acentua conforme o grau de instrução. Enquanto mulheres com menor escolaridade tiveram filhos aos 26,7 anos, aquelas com ensino superior completo engravidaram, em média, aos 30,7 anos. Segundo o IBGE, fatores como maior acesso à educação, ao mercado de trabalho e a métodos contraceptivos, além da busca por melhores condições econômicas e sociais, explicam essa mudança no comportamento reprodutivo da população.

A divisão por religião mostra que mulheres evangélicas têm as maiores taxas de fecundidade no país, com média de 1,74 filho por mulher — único grupo religioso acima da média nacional. Em seguida aparecem católicas (1,49), mulheres sem religião (1,47), de outras religiões (1,39), umbandistas e candomblecistas (1,25) e espíritas (1,01). No entanto, os técnicos do IBGE alertam que não é possível estabelecer relação de causa entre religião e número de filhos sem considerar fatores como renda, escolaridade, local de residência e inserção no mercado de trabalho.

Na comparação internacional, o Brasil se posiciona abaixo de países como Nigéria (4,6 filhos por mulher), França (1,8) e Estados Unidos (1,7), e à frente de Argentina (1,5), Chile (1,3) e Itália (1,2). De acordo com especialistas, a fecundidade mais alta em países como França e EUA pode ser influenciada pela participação de mulheres migrantes, que tendem a ter mais filhos.

Para o IBGE, o conjunto desses dados evidencia uma mudança significativa no perfil reprodutivo das mulheres brasileiras, com implicações diretas na estrutura etária da população e nos desafios futuros em áreas como previdência, saúde e planejamento urbano. A redução da fecundidade e o adiamento da maternidade refletem transformações profundas na sociedade brasileira e aproximam o país de padrões demográficos de países desenvolvidos.

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