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TCE cobra plano da Prefeitura de São Luís para resolver falhas no transporte público

O relatório apresentado ao plenário do TCE detalha problemas graves em diferentes áreas do sistema.

Fonte: Com informações do TCE-MA
O relatório apresentado ao plenário do TCE detalha problemas graves em diferentes áreas do sistema (Foto: Divulgação)

O Tribunal de Contas do Estado do Maranhão (TCE-MA) determinou que a Prefeitura de São Luís apresente um plano detalhado com medidas para corrigir falhas identificadas na operação do sistema de transporte coletivo urbano da capital. A decisão foi tomada nesta quarta-feira (2), após julgamento de uma auditoria extraordinária que analisou os contratos de concessão firmados a partir da Concorrência Pública nº 04/2016.

A auditoria, referente ao exercício financeiro de 2021, avaliou aspectos como a gestão contratual das concessões, o funcionamento do Sistema de Bilhetagem Automática (SBA), as condições dos Terminais de Integração e a conformidade do sistema com a Lei de Mobilidade Urbana (Lei nº 12.587/2012).

Contratos sob análise

Os contratos de concessão em vigor têm duração inicial de 20 anos, com possibilidade de prorrogação por mais 10. Eles envolvem quatro lotes operados por empresas e consórcios diferentes:

Lote Operadora Outorga Valor estimado
I Consórcio Central R$ 2,7 milhões R$ 2,25 bilhões
II Consórcio Via SL R$ 3,0 milhões R$ 1,56 bilhão
III Consórcio Upaon-Açu R$ 2,7 milhões R$ 1,92 bilhão
IV Viação Primor R$ 2,7 milhões R$ 1,77 bilhão

Cada contrato inclui também a cessão de uso de um Terminal de Integração vinculado ao respectivo lote.

Irregularidades apontadas pela auditoria

O relatório apresentado ao plenário do TCE detalha problemas graves em diferentes áreas do sistema:

Terminais de Integração

  • Ausência de estudos técnicos sobre custos de manutenção e viabilidade.

  • Estrutura física degradada, com falhas em telhados, banheiros, plataformas e redes elétricas.

  • Falta de planos de melhorias e indícios de desinteresse das empresas em manter os espaços.

Sistema de Bilhetagem Automática (SBA)

  • Cláusulas contratuais que transferem ao usuário os prejuízos tarifários das empresas, o que contraria a legislação.

  • Concessionárias controlam o sistema sem supervisão efetiva do município.

  • A fase 2 do SBA, que deveria informar horários e itinerários em tempo real, ainda não foi implementada, mesmo após sete anos da concessão.

Governança e Planejamento

  • O município não possui uma política municipal de mobilidade urbana formalizada, como exige a legislação federal.

  • A gestão do sistema está, na prática, concentrada nas concessionárias, com atuação limitada da Prefeitura.

Determinações do TCE

O conselheiro-substituto Melquizedeque Nava Neto, relator do processo, acatou na íntegra o parecer do Ministério Público de Contas (MPC) e estabeleceu as seguintes diretrizes:

  • A Prefeitura deve fixar um prazo para que as concessionárias apresentem projetos executivos com propostas de reforma para os terminais de integração.

  • Os projetos, uma vez aprovados, deverão ser enviados ao TCE para acompanhamento da execução.

  • Caso não sejam apresentados, a Prefeitura deverá rescindir os termos de cessão e definir se retomará a administração dos terminais ou lançará novo processo seletivo para operação dos espaços.

  • Também deve ser estabelecido prazo para que a fase 2 do SBA seja implementada, com divulgação de horários e itinerários em pontos de embarque e por meio digital.

O que acontece agora

A Secretaria Municipal de Trânsito e Transportes deve ser notificada oficialmente pelo TCE nos próximos dias. A partir daí, caberá à gestão municipal divulgar os prazos que serão fixados para o cumprimento das obrigações pelas empresas.

Caso o cronograma não seja cumprido, o município poderá ser alvo de sanções administrativas e financeiras, além de ter de reavaliar o modelo atual de concessão do transporte público em São Luís.

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