Passamos a maior parte do tempo imersos em nossas rotinas, ocupados com metas, desejos e ambições que muitas vezes são meras ilusões plantadas pela sociedade do consumo e da vaidade. Vivemos presos ao que falta em nós — o que ainda não temos, o que não conquistamos, o que queremos ser. E assim, dia após dia, deixamos de perceber um universo invisível: o sofrimento que não conhecemos.
Não. Falo de um sofrimento silencioso, diário, escondido nos becos da vida. Um sofrimento que vive ao nosso lado e que quase nunca enxergamos.
Falo do obeso mórbido que carrega no corpo um peso físico e emocional que a sociedade insiste em ridicularizar. Falo da pessoa cega que aprendeu a andar pelas vozes e sombras que poucos compreendem. Falo do cadeirante que vê no olhar dos outros mais pena do que respeito. Falo das crianças com deficiências severas que jamais experimentarão algo simples como andar de bicicleta, dar um beijo de amor, ou brincar no parque sem olhares de compaixão ou exclusão.
Falo daqueles que foram impedidos pela biologia ou pelo destino de viver uma existência plena — os que jamais irão namorar, casar, ou sequer conversar com naturalidade, pois a sociedade os deixou à margem. Falo de quem sofre em silêncio, trancado em leitos hospitalares, respirando através de aparelhos, ou esperando um gesto de humanidade no abandono das instituições.
Há também os que se tornam invisíveis nas calçadas das grandes cidades, entre becos, papelões e sombras, trocando corpos por um prato de comida, esquecidos de si mesmos e do mundo. Seres humanos que nunca foram notados, amados, reconhecidos — como se fossem poeira em meio ao barulho ensurdecedor da indiferença.
Vivemos em um ambiente doentio, que valoriza o “ter” acima do “ser”. Nos tornamos células de uma sociedade enferma: segregadora, cruel, narcisista. Uma sociedade onde a aparência vale mais que a essência, onde o ego cresce e o olhar para o outro desaparece.
O sofrimento que desconhecemos não está apenas distante — ele está na sala ao lado. Está no idoso que você ignora. Na criança que você evita. No doente que você teme. E é nessa cegueira coletiva que perdemos o sentido mais profundo da existência: o amor.
Não há cura possível para o mundo enquanto não houver consciência do ambiente em que vivemos — e das almas que nele sofrem. É preciso olhar. É preciso sentir. É preciso tocar. O sofrimento que desconhecemos exige de nós algo que a pressa nos roubou: empatia.
A Penumbro Terapia Holística Epigenética — a Terapia Centrada no Ambiente (TCA) — nasce dessa percepção: de que só mudaremos o mundo se mudarmos o ambiente que o sustenta. Não apenas o físico, mas o emocional, o social, o espiritual. A cura vem quando percebemos o outro. Quando amamos. Quando nos tornamos humanos de verdade.
Nada levaremos. Nada restará de nossa vaidade. Mas talvez reste algo maior: termos enxergado quem sofre, e termos estendido a mão.