O doce que conquistou milhões de visualizações nas redes sociais — conhecido como “morango do amor” — tem levado pacientes a consultórios odontológicos com problemas sérios nos dentes e próteses. Em Santos, no litoral de São Paulo, a cirurgiã-dentista Alexandra Areco relata que, só nas últimas semanas, atendeu sete casos de fraturas em restaurações, coroas e até dentaduras causadas pela rigidez da crosta de açúcar que reveste a fruta.
Os atendimentos envolveram desde crianças até idosos e incluíram tanto pacientes regulares, que realizam revisões periódicas, quanto pessoas que procuraram o consultório apenas após o acidente. “Muita gente se encanta com o doce pela estética e pela febre nas redes sociais, mas não percebe o risco que o impacto do caramelo endurecido pode causar”, comenta a profissional.
O alerta não se limita às fraturas. O Conselho Federal de Odontologia (CFO) já emitiu comunicado chamando atenção para os riscos associados ao excesso de açúcar presente no doce. Alexandra reforça que o esmalte dentário, embora seja o tecido mais resistente do corpo humano, pode ser danificado pela combinação de força mecânica e acidez que o “morango do amor” provoca.
O cirurgião-dentista Bruno Matias, também de Santos, acrescenta outro fator: o consumo isolado do doce, fora do horário das refeições. “Quando se come sem escovar os dentes depois, a bactéria da cárie se alimenta desse açúcar e produz ácido, deixando a boca mais ácida e o esmalte mais frágil”, explica. Ele recomenda escovar os dentes cerca de 15 minutos após a ingestão ou, na impossibilidade, beber água para amenizar a acidez.
Segundo os especialistas, o doce não precisa ser banido do cardápio, mas seu consumo deve ser esporádico e sempre acompanhado de cuidados com a higiene bucal. A tendência, que começou como viral, agora gera discussões sobre modismos alimentares e os impactos que eles podem ter na saúde a longo prazo.