Quando o ambiente é o remédio ou o veneno

Infelizmente, sabemos que medicamentos de ponta, como os que envolvem imunoterapia e vacinas genéticas (como as de mRNA contra o câncer), costumam ser inacessíveis à maioria.

Fonte: Ronaldo Kroeff

Quando iniciei o projeto Penumbroterapia Holística Epigenética, não imaginei que teria que ir tão fundo nos estudos científicos nem que precisaria me manter tão atento às novidades que a medicina moderna apresenta. Recentemente, tem sido alardeada a criação de vacinas capazes de curar ou prevenir o câncer. À primeira vista, essa notícia soa como um avanço extraordinário. Mas quando se fala em “vacina de prevenção”, principalmente no contexto do câncer, não podemos ignorar os interesses escusos e mercadológicos que costumam se esconder por trás dessas inovações.

Infelizmente, sabemos que medicamentos de ponta, como os que envolvem imunoterapia e vacinas genéticas (como as de mRNA contra o câncer), costumam ser inacessíveis à maioria. São tratamentos que hoje só chegam aos bilionários ou, em casos extremos, aos pobres que se submetem a campanhas judiciais, vendem seus bens ou se endividam na esperança de prolongar a vida por algumas semanas. É trágico — e até irônico — que o direito à saúde seja uma corrida onde quem tem mais dinheiro larga quilômetros à frente.

Quando caminho pela cidade aos fins de semana, vejo cenários que me preocupam mais do que manchetes de revistas científicas. Jovens e adultos se afogando em cervejas baratas e industrializadas, consumindo fast food em excesso, vivendo em ambientes saturados de ruído, estresse e luz artificial. É aí que percebo que o câncer do futuro — assim como o Alzheimer, a diabetes e outras doenças degenerativas — já está sendo gestado. Não nas células, mas no ambiente que escolhemos viver.

E aqui retorno ao que tenho me debruçado há anos: as Terapias Centradas no Ambiente (TCA). Essa abordagem, que desenvolvi com base em epigenética e observações clínicas, mostra que a chave da prevenção (e muitas vezes da cura) está ao nosso redor — no solo que pisamos, na água que bebemos, no ar que respiramos e nos estímulos sensoriais que recebemos diariamente.

É claro que os avanços da medicina são importantes. Mas é preciso dizer a verdade: a maioria dos bons tratamentos não chega à população de baixa renda. Um frasco de medicamento como Zolgensma, usado para tratar atrofia muscular espinhal, pode ultrapassar R$ 6 milhões. A imunoterapia com pembrolizumabe (Keytruda), usada contra o câncer de pulmão ou melanoma, pode ultrapassar R$ 25 mil por aplicação. A vacina CAR-T cell — nova esperança contra certos tipos de leucemia — custa mais de R$ 2 milhões. E o cidadão comum precisa entrar com ações judiciais para que o SUS forneça o básico.

Ao mesmo tempo, não se combate com seriedade os cancerígenos amplamente conhecidos e tolerados no nosso cotidiano: corantes artificiais, conservantes, acidulantes, alimentos ultraprocessados, cigarros eletrônicos, cervejas com xenoestrógenos e açúcares refinados, cosméticos com metais pesados e ambientes tóxicos do ponto de vista emocional e sensorial. A incoerência é clara: pesquisas milionárias em laboratórios, enquanto as causas cotidianas da degeneração celular seguem ignoradas.

Compreendo que sou apenas uma formiguinha, um lobo solitário tentando alardear que o ambiente pode adoecer, mas também pode curar. E isso é mais do que metáfora: é ciência baseada em epigenética e neuroplasticidade. A Penumbroterapia propõe restaurar os ciclos naturais da mente e do corpo, através da conexão com ambientes saudáveis — silenciosos, naturais, com ritmos compatíveis ao relógio biológico e isentos de poluentes visuais, auditivos e químicos.

A prevenção do câncer — e de muitas doenças modernas — não será eficaz apenas com agulhas e frascos. Ela começa com educação ambiental, alimentação consciente e respeito ao ritmo natural do corpo humano. Enquanto isso não for política pública e prioridade social, continuaremos adoecendo em massa e celebrando curas milagrosas que só alcançam quem pode pagar por elas.

Publicidade
Carregando anúncio...
Fechar