Os Estados Unidos podem elevar a temperatura do confronto com o Brasil em torno do julgamento de Jair Bolsonaro (PL), afirmou o deputado Eduardo Bolsonaro. Segundo ele, a Casa Branca de Donald Trump avalia novas sanções contra magistrados brasileiros que não encerrarem o processo no Supremo Tribunal Federal (STF) — além de medidas como revogação de vistos e até novas barreiras comerciais. Eduardo, que tem feito lobby em Washington, disse ao Financial Times ter antecipado corretamente a primeira leva de punições a Alexandre de Moraes e garantiu que “Trump ainda não esgotou suas opções”.
Nem a Casa Branca nem o Departamento de Estado comentaram. O impasse ocorre no pior momento das relações bilaterais em décadas: Trump elevou tarifas sobre produtos brasileiros a 50% e os EUA proibiram a entrada de oito ministros do STF, citando o julgamento do ex-presidente, decisões da Corte sobre plataformas americanas e disputas comerciais. Do lado brasileiro, Lula tem rechaçado a pressão externa e o STF sustenta que o processo seguirá seu curso. Bolsonaro responde por tentar se manter no poder com apoio militar após perder a eleição de 2022 — um julgamento que Trump chama de “caça às bruxas”.
Desde que foi alvo de sanções Magnitsky — que congelam ativos nos EUA e proíbem negócios com empresas americanas —, Moraes endureceu as cautelares contra Bolsonaro: impôs prisão domiciliar, proibiu o uso de redes sociais e restringiu a comunicação com aliados, inclusive com o próprio filho, apontando tentativa de interferência externa no caso. Para Eduardo, a retaliação pode escalar, inclusive com sanções a familiares de Moraes e nova rodada de cancelamentos de vistos de seus apoiadores.
No Brasil, Moraes divide opiniões. Seus defensores o veem como anteparo contra desinformação e ataques às urnas eletrônicas; críticos, por outro lado, o acusam de perseguir conservadores e extrapolar limites constitucionais. Eduardo diz que levará a ofensiva também à Europa para tentar emplacar sanções na União Europeia. Ele cita o apoio de políticos de direita, como André Ventura, líder do Chega em Portugal, que defende barrar a entrada de Moraes e congelar eventuais ativos com base em legislações de direitos humanos; no Parlamento Europeu, 16 deputados já pediram medidas direcionadas contra ministros do STF.
A mobilização do deputado tem sido atacada por adversários, que a classificam como antipatriótica e culpam sua atuação pelas tarifas mais altas que afetam exportações e empregos. Eduardo rejeita a crítica e diz agir “para salvar a democracia”, afirmando estar disposto a suportar o desgaste político decorrente dessa estratégia.