Seis anos após o reconhecimento internacional, o certificado que consagra o Complexo Cultural do Bumba Meu Boi do Maranhão como Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade foi entregue oficialmente em solo maranhense. A cerimônia aconteceu nesta quinta-feira (14), na Capela de São Pedro, em São Luís, e reuniu autoridades, representantes da cultura popular e instituições nacionais e internacionais.
O título foi concedido pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO) em dezembro de 2019, após reunião do Comitê Intergovernamental realizada em Bogotá, na Colômbia. A entrega simbólica no Maranhão foi articulada pelo governador Carlos Brandão, que defendeu a importância de envolver diretamente a população no reconhecimento de uma das expressões culturais mais emblemáticas do estado.
A solenidade contou com a presença da diretora da UNESCO no Brasil, Marlova Jovchelovitch Noleto, que entregou o certificado ao governador. Participaram também o embaixador Laudemar Aguiar, do Ministério das Relações Exteriores, e o presidente do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), Leandro Grass.
Antes da cerimônia, um cortejo cultural com grupos de Bumba Meu Boi saiu da Casa das Minas, no bairro da Madre Deus, em direção à Capela de São Pedro, reunindo brincantes, turistas e admiradores da manifestação. O evento também contou com apresentações artísticas, como a da Companhia Barrica, e show do cantor Betto Pereira.
Expressão popular e desenvolvimento cultural
Durante entrevista coletiva, o governador Carlos Brandão destacou a relevância econômica e simbólica do título internacional, que fortalece o turismo e valoriza as manifestações culturais. Segundo ele, o turismo no estado cresceu 44% nos últimos anos, impulsionado pela cultura e pelos atrativos históricos.
“O nosso projeto é fortalecer e valorizar cada vez mais o bumba boi, inovando e dando mais oportunidades. O título é motivo de orgulho e uma vitrine para o mundo. Eu sou um entusiasta da cultura, um entusiasta do turismo. No nosso governo, o turismo no estado subiu 44%, segundo dados do IBGE, e isso me deixa muito feliz, pois o turismo gera emprego, renda e mostra nossas belezas: o nosso Centro Histórico, que é Patrimônio Histórico e Cultural. Nosso projeto é fortalecer e valorizar cada vez mais o bumba boi, inovando e dando mais oportunidades”, destacou o governador.
A representante da UNESCO ressaltou o valor simbólico e antropológico do reconhecimento: “O Patrimônio Imaterial considera os aspectos religiosos, históricos e culturais da manifestação, além de reconhecer o papel dos mestres, mestras e brincantes que mantêm essa tradição viva”, explicou Marlova Noleto.
O presidente do Iphan, Leandro Grass, destacou que o Governo Federal investe atualmente mais de R$ 60 milhões em ações de preservação do patrimônio cultural no Maranhão, com 11 obras em andamento. Para ele, o Bumba Meu Boi representa não apenas identidade cultural, mas também uma ferramenta de geração de renda, cidadania e inclusão.
Tradição e identidade maranhense reconhecidas pelo mundo
O Bumba Meu Boi foi o sexto bem brasileiro inscrito na lista de Patrimônios Culturais Imateriais da Humanidade da UNESCO, ao lado do Samba de Roda, do Frevo, da Capoeira, do Círio de Nazaré e da Arte Kusiwa, entre outros. Em 2024, o “modo de fazer o Queijo Minas artesanal” também entrou para a lista.
Marcado por forte presença do catolicismo popular, o Bumba Meu Boi maranhense envolve a devoção a santos juninos como São João, São Pedro, Santo Antônio e São Marçal, além de movimentar milhares de brincantes e simpatizantes em diferentes “sotaques” culturais por todo o estado.
“O Bumba Meu Boi é mais que uma festa: é símbolo de resistência, fé e pertencimento. Esse título é uma conquista coletiva que reforça nosso compromisso com a preservação e valorização da nossa cultura”, declarou o secretário de Estado da Cultura, Yuri Arruda.
A secretária de Turismo, Socorro Araújo, destacou que o reconhecimento fortalece o sentimento de identidade e contribui para promover a cultura maranhense em âmbito internacional. Já o presidente do Boi Brilho da Ilha, Cláudio Sampaio, celebrou o momento histórico como “uma conquista que perpetua a essência do Boi para as futuras gerações”.