Uma jovem de 22 anos, identificada como Leticia Paul, morreu em Rio do Sul (SC) após sofrer um choque anafilático durante uma tomografia com contraste. O exame foi realizado no Hospital Regional Alto Vale, onde ela chegou a ser entubada, mas não resistiu, falecendo na quarta-feira (20), menos de 24 horas depois do procedimento.
De acordo com familiares, Leticia, moradora de Lontras, tinha histórico de pedras nos rins e fazia exames de rotina. Formada em Direito, cursava pós-graduação em Direito e Negócios Imobiliários. O corpo foi velado na quinta-feira (21), na Casa Mortuária Jardim Primavera, e cremado em Balneário Camboriú.
Em nota, o hospital afirmou que “lamenta a perda e se solidariza com a família”, ressaltando que todos os atendimentos seguem protocolos clínicos de segurança.
O caso chama atenção para os riscos — ainda que raros — do uso de contraste em exames de imagem, que podem provocar reações adversas em pacientes sensíveis.
O que é o contraste
Os contrastes são substâncias químicas à base de iodo, bário ou gadolínio utilizadas em exames como tomografias e ressonâncias. Eles aumentam a diferenciação entre tecidos e órgãos, permitindo identificar tumores, inflamações, obstruções vasculares e pequenas lesões.
De acordo com a cirurgiã Vanessa Prado, cada exame demanda um tipo específico de contraste: iodo para tomografias, bário para estudos do aparelho digestivo e gadolínio em ressonâncias, além de casos em que os próprios fluidos do corpo cumprem esse papel.
Por que pode causar reações
Apesar de seguros na maioria dos pacientes, os contrastes podem ativar células inflamatórias e liberar substâncias químicas no organismo, desencadeando reações que variam de náusea e urticária a quadros graves, como edema de glote e choque anafilático.
Segundo o radiologista Augusto Villela Polonia, efeitos leves do contraste iodado atingem até 3% dos pacientes, enquanto os graves não passam de 0,04%. No caso do gadolínio, as ocorrências graves são ainda mais raras, cerca de 0,001%.
Quem exige mais atenção
Pessoas com histórico de alergias, asma, doenças renais ou cardíacas estão mais vulneráveis. Em renais, há risco de sobrecarga; em cardíacos, uma reação grave pode gerar maior instabilidade.
Os sintomas podem surgir imediatamente ou até algumas horas após o exame e se dividem em:
- Leves: náusea, calor, coceira, urticária.
- Moderados: taquicardia, edema facial, broncoespasmo.
- Graves: dificuldade respiratória severa, choque anafilático e risco de morte.