A partir de 3 de novembro, os planos de saúde serão obrigados a cobrir dois medicamentos inovadores no tratamento do lúpus: o anifrolumabe e o belimumabe. A decisão da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) foi anunciada nesta semana com a atualização do Rol de Procedimentos e Eventos em Saúde e é considerada um marco para pacientes e médicos.
O lúpus é uma doença autoimune em que os anticorpos atacam as próprias células do organismo. Pode se manifestar de duas formas: no lúpus cutâneo (LC), limitado à pele, geralmente com lesões em formato de “borboleta” no rosto; e no lúpus eritematoso sistêmico (LES), que é o tipo mais grave, por atingir órgãos internos, especialmente os rins, principal preocupação clínica. A maior parte dos pacientes é diagnosticada com o LES.
A inclusão dos novos medicamentos é voltada para adultos com lúpus sistêmico que, mesmo sob terapia padrão, enfrentam crises frequentes e sintomas intensos. A expectativa é de que cerca de 2 mil pessoas sejam beneficiadas diretamente pela medida.
José Eduardo Martinez, presidente da Sociedade Brasileira de Reumatologia (SBR), destacou que a novidade representa um avanço expressivo, já que, por muito tempo, o tratamento era limitado principalmente ao uso de corticoides, associados a diversos efeitos colaterais. Ele lembra que os imunobiológicos, como o belimumabe e o anifrolumabe, representam uma nova geração de terapias mais seguras e eficazes.
Segundo Martinez, “a entrada desses medicamentos no arsenal terapêutico vai permitir que a gente trate melhor nossos pacientes”. É também a primeira vez que a ANS inclui no rol fármacos direcionados especificamente ao lúpus, já que em 2024 o belimumabe havia sido liberado apenas para casos de nefrite lúpica, complicação renal da doença.
Apesar dos avanços, especialistas lembram que os fatores desencadeadores do lúpus ainda não são totalmente compreendidos. Há predisposição genética, mas nem todos os indivíduos desenvolvem a doença. Entre os gatilhos externos, a exposição solar é considerada o mais relevante, capaz de iniciar ou agravar os sintomas pela ação da radiação ultravioleta sobre proteínas da pele.