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PT gastou R$ 8,2 mi com empresas de ex-dirigente

Entre 2021 e 2025, PT pagou R$ 8,2 milhões a empresas de George Barcelos, que só teve sua saída oficializada do diretório do DF quatro anos após pedir afastamento

Fonte: Da redação com informações da Folha

O PT manteve por quase quatro anos um dirigente em seu quadro formal mesmo após ele ter solicitado afastamento do cargo. Nesse período, entre agosto de 2021 e abril de 2025, o partido nacional contratou serviços de duas empresas de propriedade de George Barcelos — Log Produções & Filmes e Dindue — no valor de R$ 8,2 milhões, segundo levantamento da Folha. As contratações incluíram serviços de audiovisual, tecnologia da informação e comunicação, além de transmissões de eventos partidários, aluguel de equipamentos e até a criação de sites e aplicativos.

Do total, R$ 7,6 milhões foram pagos enquanto Barcelos ainda figurava como dirigente do PT-DF. Apenas em 2025 sua saída foi oficializada junto ao Tribunal Regional Eleitoral (TRE-DF). Apesar disso, o PT continuou recorrendo às empresas dele para prestar serviços, incluindo R$ 1,4 milhão já neste ano em 29 contratos, alguns superiores a R$ 120 mil. A Dindue, por exemplo, criou o site da federação Brasil Esperança — que reúne PT, PCdoB e PV — por R$ 37 mil, além de aplicativos e uma rádio online.

Barcelos, filiado ao PT desde a adolescência, atuou no diretório distrital desde 2015, ocupando cargos como secretário de finanças e de comunicação. Em entrevistas, afirmou ter pedido para deixar o cargo em 2021 para evitar constrangimentos, já que começava a prestar serviços ao partido. Disse ainda que acreditava não integrar mais a direção desde então, embora só tenha descoberto em 2025 que ainda constava formalmente como dirigente. Segundo ele, a demora se deveu a falhas burocráticas do partido.

O PT-DF reconheceu a desorganização administrativa, agravada pela pandemia e pela falta de recursos, como motivo da demora em comunicar a saída ao TRE. Já a direção nacional afirmou, em nota, que não há indícios de conflito de interesses ou favorecimento, alegando que as contratações foram regulares e não envolveram Barcelos em decisões administrativas ou contratuais.

Barcelos relatou que foi inicialmente contratado via Urissanê, empresa do marqueteiro Otávio Antunes, mas logo passou a ser contratado diretamente pelo PT para evitar dupla tributação. Entre os serviços prestados está a transmissão da posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva em 2023, ao custo de R$ 51 mil. Ele reforça que não recebia remuneração como dirigente partidário e que sua atuação técnica foi motivada pela experiência adquirida em informática e audiovisual, sobretudo durante a pandemia.

O episódio, porém, expõe fragilidades na gestão administrativa do partido, que só oficializou a saída de Barcelos anos após o pedido, enquanto seguia contratando suas empresas para atividades centrais da comunicação petista.

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