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Escolas particulares devem reajustar mensalidades em 9,8% em 2026

Pesquisa do Grupo Rabbit mostra que mensalidades escolares terão reajuste médio de 9,8% em 2026, pressionando o orçamento das famílias

Fonte: Da redação

Ainda faltando três meses para o fim de 2025, pais e mães já começam a se preparar para um início de ano que promete pesar no bolso. Escolas particulares de todo o Brasil devem reajustar as mensalidades em 2026, em média, em 9,8%, percentual mais que o dobro da inflação esperada para este ano, de 4,83%, segundo projeção da pesquisa Focus, do Banco Central. O levantamento, realizado pelo Grupo Rabbit com 308 instituições privadas, mostra que o aumento será maior do que o observado nos últimos dois anos, quando os reajustes ficaram em 9,3% (2023) e 9,5% (2024).

De acordo com Christian Coelho, CEO da consultoria, três fatores principais explicam os novos valores: a inflação acumulada em 12 meses até agosto (5,13%), os investimentos feitos no ano anterior e o reajuste salarial dos professores. Além disso, a manutenção e o aprimoramento da estrutura escolar pesam cada vez mais, com a inclusão de programas bilíngues, projetos socioemocionais e modernização tecnológica. A maior parte das escolas começará a comunicar os novos valores já no fim deste mês, junto com o processo de renovação de matrículas.

No Rio de Janeiro, algumas instituições já detalharam suas políticas de reajuste. O Colégio Saint John, na Barra da Tijuca, aplicará aumentos entre 8,5% e 12,5%, de acordo com a data de renovação. O Inovar Veiga de Almeida, também na Barra, adotará índices de 7% a 11%, justificando a tabela progressiva como forma de garantir maior margem de negociação com fornecedores. Já o Colégio Franco, em Laranjeiras, fixou em 9,97% a correção para todas as séries, mas destacou que a mudança de segmento escolar — como a passagem do 5º para o 6º ano do Ensino Fundamental — pode dar a sensação de reajustes ainda maiores, em função da complexidade adicional do ensino.

Outras escolas da capital fluminense anunciaram índices próximos à média nacional: CEL (9,8%), PH (9,8%), Sá Pereira (9,2%), Mopi (8%) e Santa Mônica (8%). Já o Colégio Edem, em Laranjeiras, terá aumento de 6,5% a 6,7%, enquanto o Santos Anjos, na Tijuca, corrigirá em 7,5%. Em São Paulo, os valores são igualmente elevados: o tradicional Colégio Bandeirantes, na Vila Mariana, anunciou reajuste de 11,5%, e a rede Objetivo, com 14 unidades na capital e região metropolitana, prevê aumentos entre 7,5% e 9,2%.

As famílias, diante desse cenário, buscam alternativas para minimizar o impacto. A empresária Cristiane Krassuski, por exemplo, optou por transferir suas duas filhas para uma nova escola já em 2025, garantindo os preços do ano vigente e se antecipando às despesas adicionais de material e matrícula. “Já começo a pagar tudo antes para tentar negociar melhor”, contou.

O endividamento das instituições também é um fator relevante. Pesquisa da Rabbit mostra que 70% das escolas estão mais endividadas do que antes da pandemia, período em que houve redução de alunos e descontos generalizados. Além disso, a inadimplência das famílias segue elevada: entre janeiro e abril deste ano, variou de 4,8% a 5,4%, podendo chegar a 20% em redes mais populares, como a Progressão, que, mesmo enfrentando perdas de 40% em sua mensalidade desde a pandemia, anunciou reajuste de 9% para 2026.

Apesar da pressão financeira, mais da metade das escolas planeja continuar investindo em infraestrutura e inovação pedagógica. Segundo a pesquisa, 70,5% dos colégios devem ampliar atividades bilíngues e socioemocionais, enquanto 52% pretendem realizar melhorias físicas, como reformas, compra de novos equipamentos e modernização tecnológica. Para os especialistas, esse movimento reflete a necessidade de equilibrar a sustentabilidade financeira com a qualidade educacional.

Na avaliação do economista André Braz, da FGV, os aumentos se explicam pela combinação de custos crescentes — energia, aluguel e salários — e pelas demandas de investimentos em qualidade. Ele observa, contudo, que há espaço para negociação caso a caso: “Às vezes o aluno tem excelente desempenho ou a família tem mais de um filho na mesma escola. Nesses casos, pode haver flexibilidade nos reajustes”.

Essa abertura é confirmada por algumas redes. O ZeroHum, por exemplo, prevê alta de 11% para 2026, mas admite discutir condições especiais com os responsáveis. “Estamos apostando em investimentos em tecnologia, mas entendemos que o peso no orçamento das famílias é grande”, afirma Paulo Pereira, sócio-diretor da instituição.

O fato é que, mesmo com a supersafra de aumentos prevista, a pressão das mensalidades sobre os orçamentos familiares promete ser um dos principais desafios de 2026. Famílias terão de recorrer ao planejamento antecipado e à negociação para tentar atravessar um cenário em que a educação particular segue cada vez mais cara, mesmo em comparação com a inflação oficial.

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