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EUA oferecem pagamento a crianças migrantes em troca de retorno voluntário

Governo Trump oferece US$ 2.500 a crianças migrantes desacompanhadas para deixarem os EUA

Fonte: Da redação

O governo de Donald Trump está oferecendo um incentivo financeiro de US$ 2.500 para que crianças migrantes desacompanhadas deixem voluntariamente os Estados Unidos, segundo revelou uma carta enviada a abrigos e obtida pela agência Reuters. Autoridades do Departamento de Segurança Interna (DHS) confirmaram a existência do programa, embora não tenham detalhado o valor oficial do pagamento.

A medida faz parte de um esforço mais amplo da atual administração americana para acelerar deportações voluntárias, estratégia que o governo já havia adotado anteriormente ao oferecer US$ 1.000 a adultos migrantes que optassem por sair do país por conta própria. Agora, o foco se volta para menores desacompanhados — uma das populações mais vulneráveis do sistema migratório.

De acordo com o documento, o benefício será direcionado a crianças com 14 anos ou mais, com prioridade para adolescentes de 17 anos. Menores vindos do México não serão contemplados pela iniciativa, mas aqueles de outros países que concordarem em retornar voluntariamente até sexta-feira poderão receber o incentivo. O pagamento, segundo a carta, seria efetuado somente após a autorização judicial da saída e a chegada da criança ao país de origem.

A proposta tem gerado forte reação de grupos de defesa dos direitos humanos. Wendy Young, presidente da organização Kids in Need of Defense, classificou a política como “cruel e coercitiva”, afirmando que ela mina as garantias legais que protegem crianças migrantes nos Estados Unidos. “Trata-se de uma forma disfarçada de forçar o retorno de menores que, pela lei, deveriam receber abrigo e acompanhamento legal adequado”, declarou.

Nos EUA, a legislação determina que crianças que entram no país sem pais ou responsáveis legais devem ser classificadas como “menores desacompanhados” e enviadas a abrigos supervisionados pelo governo federal. Elas permanecem sob custódia até que possam ser reunidas com familiares residentes no país ou encaminhadas a lares adotivos.

De acordo com o Departamento de Saúde e Serviços Humanos (HHS), mais de 2.100 menores estavam sob custódia federal na última quinta-feira. O diretor de comunicação do órgão justificou o programa dizendo que ele “oferece uma escolha” às crianças, permitindo uma decisão informada sobre o futuro.

Apesar da defesa do governo, especialistas alertam que as deportações enfrentam barreiras legais significativas. Uma decisão judicial recente, por exemplo, impediu a remoção de menores guatemaltecos com processos ativos, determinando que eles não podem ser deportados até que seus casos sejam plenamente avaliados.

O debate ocorre em meio a um contexto migratório tenso: desde 2019, mais de 600 mil crianças migrantes cruzaram a fronteira dos Estados Unidos com o México sem a companhia de pais ou responsáveis legais. A maioria foge de crises econômicas, violência e instabilidade política em países da América Central.

A nova política de Trump reacende discussões sobre a ética e a legalidade das estratégias migratórias de seu governo. Para críticos, oferecer dinheiro a crianças para que deixem o país equivale a comprar deportações, explorando a vulnerabilidade de menores em situação irregular. Já aliados da Casa Branca defendem que o programa reduz custos de custódia e agiliza processos migratórios, evitando sobrecarga nos abrigos federais.

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