Como desdobramento da 6ª Expo Indústria Maranhão, realizada de quinta a domingo no Multicenter Negócios e Eventos (Cohafuma), representantes do setor de bebidas e de instituições públicas e privadas se reuniram neste domingo (5), no Sebraelab, para coordenar ações de enfrentamento à “crise do metanol”. O objetivo é prevenir riscos à saúde pública, proteger consumidores e resguardar produtores regularizados diante da circulação de bebidas alcoólicas adulteradas em outros estados.
A reunião interinstitucional contou com lideranças do setor produtivo, órgãos de fiscalização e entidades de apoio empresarial, entre eles Fiema, Sebrae-MA, Mapa, Vigilância Sanitária Estadual, Seinc, IEL, Abrasel-MA e Sindibebidas, além de produtores de cachaça, cerveja artesanal e outras bebidas.
“Buscamos uma articulação entre entidades e instituições para garantir segurança ao mercado local e evitar a generalização do setor”, afirmou Celso Gonçalo, presidente do Conselho Deliberativo Estadual do Sebrae-MA.
“As ações precisam ter impacto imediato e continuidade no médio e longo prazo”, disse Jorge Fortes, vice-presidente do Sindibebidas.
Três encaminhamentos imediatos
-
Plano multissetorial envolvendo governo do Estado, órgãos de fiscalização, produtores e entidades empresariais.
-
Ações imediatas de comunicação para orientar consumidores, bares e distribuidores.
-
Programa de regularização e qualificação de produtores informais, com metas de médio e longo prazo.
O Mapa/MA informou que intensificou o mapeamento de bebidas ilegais por meio do setor de inteligência e propôs replicar em São Luís a caravana “Bebida Boa é Bebida Legal”, já realizada em Imperatriz, com foco em educação e incentivo à formalização. Produtores reforçaram a necessidade de ampliar testagens laboratoriais e assistência técnica, resgatando o legado do projeto Cartima (Fiema, Sebrae-MA e Sindibebidas).
A Vigilância Sanitária Estadual defendeu medidas que conciliem segurança e sustentabilidade econômica da cadeia produtiva. A Abrasel-MA alertou para o risco de insegurança do consumidor e pediu que bares e restaurantes sejam reconhecidos como parceiros na identificação e denúncia de irregularidades, não como responsáveis por elas. A Seinc propôs criar um Comitê de Crise com participação direta do governo e ampliação da rede de parceiros (Sefaz, Procon, Jucema, Agerp e entidades do setor).
Contexto: o que está em jogo
Casos de intoxicação por bebidas com metanol — solvente industrial tóxico — foram registrados em diferentes países e, recentemente, em estados brasileiros. No Maranhão não há casos notificados, mas o governo estadual intensificou ações preventivas. Pela SES, foi emitida a Nota Técnica Conjunta nº 01/2025 com orientações de vigilância, prevenção e controle da intoxicação exógena por metanol, incluindo notificação imediata de suspeitas, capacitação de equipes hospitalares e fiscalização de estabelecimentos.
Sintomas podem surgir entre 12 e 24 horas após a ingestão: visão borrada, fotossensibilidade, náuseas, dor abdominal, confusão e convulsões. Quadros graves podem evoluir para insuficiência renal, coma e óbito. A recomendação é procurar atendimento médico imediatamente diante de sinais suspeitos.
Fiscalização preventiva e orientação ao consumidor
A Vigilância Sanitária estadual ampliou ações em bares, restaurantes, distribuidoras, mercados, eventos e plataformas de e-commerce. Na sexta-feira (3), o Procon/MA, com apoio da Polícia Civil, realizou operação preventiva na Grande Ilha para coibir a comercialização de bebidas adulteradas.
“O uso de metanol representa risco gravíssimo. Atuamos de forma integrada para retirar de circulação qualquer produto irregular e garantir consumo seguro”, destacou Karen Barros, presidente do Procon/MA.
Quem participou
Além das instituições citadas, estiveram presentes 17 articuladores, entre eles: Celso Gonçalo (Sebrae-MA), Jorge Fortes (Sindibebidas/Fiema), Wellington Reis (SFA/Mapa-MA), Edmilson Diniz (Vigilância Sanitária Estadual), Larissa Leite (Sebrae-MA), Camila Di Minda (Abrasel-MA), Ubiratan Silva (Seinc), Raul Loiola (IEL/Fiema), Jorge Ximenes (Hops Beer), Francisco Rocha (PSiu), Ana Valéria Ambrósio (Cachaça Santo Ambrósio), Gabriel Santos (Revis), Luciana Silva (Sindibebidas), Lucas Araújo (Mestre Cana), Thaynara Viegas (Zest Drinks), Lindomar Torres (Cachaça Vale do Brejão) e Hindi Champoudry (cerveja Mitológica).