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Fome no Brasil ainda afeta 6,48 milhões de pessoas

Brasil melhora no combate à fome e mantém 75,8% dos domicílios com segurança alimentar, segundo PNAD Contínua

Fonte: Da redação

O Brasil registrou queda no número de pessoas vivendo em situação de fome em 2024, embora o problema ainda afete milhões de famílias. Dados divulgados nesta sexta-feira (10) pelo IBGE mostram que 6,483 milhões de pessoas viviam em domicílios com insegurança alimentar grave no país, uma redução de 23,5% em relação ao ano anterior. A diminuição representa quase dois milhões de pessoas a menos em situação de fome — em 2023, o número era de 8,475 milhões.

A pesquisa classifica como insegurança alimentar grave os lares onde há redução drástica da quantidade de alimentos consumidos, incluindo por crianças. Quando somadas as situações grave e moderada — em que a restrição alimentar afeta apenas os adultos —, o total sobe para 16,28 milhões de brasileiros, número ainda elevado, mas 19,2% menor do que no ano anterior.

A melhora no cenário acompanha a retirada do Brasil do Mapa da Fome da FAO em julho. O país cumpriu o critério internacional ao manter, nos últimos três anos, menos de 2,5% da população em estado de subnutrição ou sem acesso regular à alimentação. Segundo a analista do IBGE Maria Lúcia Vieira, a combinação de políticas sociais e queda do desemprego explica parte dessa evolução. Ela destaca que, mesmo sem dados para mensurar o peso individual de cada fator, é possível afirmar que programas como o Bolsa Família tiveram impacto direto na segurança alimentar.

A pesquisa utiliza a Escala Brasileira de Insegurança Alimentar (EBIA), que classifica os domicílios em três níveis: leve, moderado e grave. No grau leve, há incerteza sobre o acesso futuro a alimentos e comprometimento da qualidade da dieta; no moderado, ocorre redução na quantidade de comida, ainda que restrita aos adultos; e no grave, há privação alimentar generalizada.

A incidência de fome é maior em áreas rurais, onde 4,8% da população vive em domicílios com insegurança alimentar grave, contra 2,8% nas cidades. Apesar disso, o número absoluto é maior no meio urbano: 5,228 milhões de pessoas, frente a 1,255 milhão na zona rural.

Os dados também mostram avanços significativos no acesso à alimentação. Em 2024, 75,8% dos domicílios brasileiros tinham segurança alimentar — um aumento em relação aos 72,4% registrados em 2023. Todos os níveis de insegurança apresentaram queda: o leve passou de 18,2% para 16,4%; o moderado, de 5,3% para 4,5%; e o grave, de 4,1% para 3,2%. Em números absolutos, o total de domicílios em algum grau de insegurança caiu de 21,1 milhões para 18,9 milhões.

Mesmo no estágio mais crítico, a redução foi significativa: o número de lares em situação de fome caiu quase 20%, de 3,1 milhões em 2023 para 2,5 milhões em 2024. Os dados mostram que, embora o país ainda enfrente desafios estruturais no combate à fome, há sinais claros de avanço impulsionados por políticas públicas, recuperação econômica e melhora no mercado de trabalho.

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