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Fufuca e Sabino ampliam repasses a aliados em redutos políticos antes das eleições, aponta O Globo

Em meio a planos eleitorais e pressão dos partidos, ministros de Lula aceleram repasses a cidades aliadas e ampliam investimentos em suas bases políticas

Fonte: Da redação com O Globo

Os ministros Celso Sabino, do Turismo, e André Fufuca, do Esporte, intensificaram o repasse de recursos federais para prefeituras aliadas em seus redutos eleitorais enquanto enfrentavam pressão interna de seus partidos para deixarem o governo. A decisão de ambos de permanecer no Executivo está diretamente ligada à estratégia política para 2026, quando pretendem disputar vagas no Senado e utilizam a projeção e a visibilidade de suas pastas como trunfo eleitoral.

Levantamento feito pelo jornal O Globo no sistema de convênios do governo federal mostra que, desde julho, houve uma disparada na assinatura de contratos com municípios controlados por aliados dos dois ministros. O movimento colocou Maranhão e Pará, bases eleitorais de Fufuca e Sabino, respectivamente, no topo do ranking dos estados mais contemplados pelos ministérios do Esporte e do Turismo em 2025. Esses convênios envolvem desde obras de infraestrutura até eventos locais e festividades municipais.

No Ministério do Turismo, comandado por Sabino, foram firmados 27 convênios com prefeituras paraenses ao longo do ano, mais do que em qualquer outro estado. Na sequência aparecem Rio Grande do Sul (18), Ceará (5), Maranhão (5) e Paraíba (5). Em setembro, oito dos 16 convênios assinados pela pasta tiveram como destino cidades do Pará, contemplando obras como parques de exposições e eventos turísticos. Desde que o União Brasil intensificou a pressão para que Sabino deixasse o cargo, os empenhos — etapa inicial do pagamento em que o dinheiro é reservado no orçamento — atingiram R$ 70,7 milhões, um volume sete vezes maior que os R$ 9,2 milhões registrados em 2024.

A pasta associou os investimentos à COP30, que ocorrerá em Belém em novembro, argumentando que os repasses visam impulsionar o desenvolvimento econômico sustentável e o setor de eventos. No entanto, apenas um dos convênios se destinou diretamente à capital paraense. A maioria dos contratos envolveu obras sem relação direta com a conferência climática, como reformas de praças, construção de mirantes e pavimentação urbana. O maior repasse, de R$ 10,4 milhões, foi destinado a Castanhal para obras no Parque Natural Camillo Viana, com conclusão prevista para 2028. Outro exemplo é um convênio de R$ 300 mil para uma maratona de cavalos em Ponta de Pedras, assinado um dia antes do evento.

O cenário no Ministério do Esporte segue a mesma lógica. O Maranhão liderou a lista de repasses com 47 convênios, superando estados mais populosos como São Paulo (45) e Minas Gerais (16). Somente em setembro, 24 dos 63 contratos firmados tiveram como destino cidades maranhenses — quatro vezes mais do que as prefeituras paulistas, segundo maior grupo contemplado. O volume de recursos empenhados também disparou, passando de R$ 3,5 milhões em agosto para R$ 27,6 milhões em setembro.

A pasta atribuiu o aumento ao atraso na aprovação do Orçamento de 2025, que teria concentrado a liberação de verbas no segundo semestre. O Ministério argumenta que o Maranhão possui um “déficit histórico de infraestrutura esportiva”, o que justificaria a concentração dos repasses. Os projetos incluem arenas esportivas, centros de lazer e campos de futebol. O maior contrato, de R$ 3,9 milhões, foi destinado ao município de Barra do Corda, administrado por Rigo Teles (MDB), aliado do ministro.

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