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Comunidade cobra urgência para criar RPPN e frear crimes ambientais em Alcântara

São feitas denúncias de extração ilegal de madeira, produção de carvão, caça predatória e desmatamento.

Fonte: Redação
O líder comunitário Osmar Mendesmostrou como a região já sofre com desmatamento ilegal e outros crimes ambientais (Foto: Divulgação)

A região conhecida como Terras de Timbotuba, em Alcântara (MA), vive uma escalada de crimes ambientais que já afeta fauna, flora e recursos hídricos. Moradores relatam extração clandestina de madeira, produção ilegal de carvão, caça predatória e desmatamentos que colocam em risco nascentes, córregos, brejos, lagos e manguezais, com áreas entrando em processo de desertificação.

Enquanto a devastação avança, segue em análise no ICMBio a criação da RPPN Shipping Protection, uma Reserva Particular do Patrimônio Natural com 1.700 hectares, proposta pela Shipping Protection, proprietária da área desde 2023. A comunidade defende que a oficialização imediata da unidade é decisiva para conter os crimes e garantir a proteção permanente do território.

“O maior crime ambiental na nossa região é a demora na oficialização da RPPN. A comunidade é totalmente favorável à criação da reserva para frear essas ações e garantir o futuro da floresta”, diz Osmar Mendes, presidente da Associação de Novo Belém.

O líder comunitário Osmar Mendesmostrou como a região já sofre com desmatamento ilegal e outros crimes ambientais (Foto: Divulgação)

O que está acontecendo

  • Crimes recorrentes: corte e derrubada de madeira para carvão, caça e desmate em escala.

  • Impactos já visíveis: perda de biodiversidade, assoreamento e ameaça às nascentes; emissão de CO₂ com a queima de biomassa; risco de desertificação.

  • Áreas sensíveis: manguezais, matas ciliares, lagos e trechos classificados como APPs (Áreas de Preservação Permanente).

O que prevê a RPPN Shipping Protection

  • Proteção perpétua de 1.700 ha, com foco em conservação, monitoramento e fiscalização em parceria com órgãos competentes.

  • Educação e inclusão: projeto de escola comunitária gratuita para jovens quilombolas, com qualificação em bioeconomia, artesanato e turismo de base comunitária.

  • Alinhamento ESG: segundo Kledilton Cutrim Pinto (diretor) e Paulo Renato Lemos (coordenador ESG), a proposta integra meio ambiente, educação e governança como pilares.

Vozes da comunidade

“A área sofre com caçadores, fabricantes de carvão e venda ilegal de madeira. Vemos gente entrar na floresta com espingardas e queimar a mata, deixando rastro de destruição”, afirma Silvanira dos Santos Araújo, presidente da Associação do Povoado de Segurado.

“Manter a floresta em pé é garantir vida melhor às próximas gerações”, reforça Fátima Sampaio, secretária da Associação de Novo Belém.

“A reserva e a escola comunitária significam qualificação, trabalho e renda para nossos filhos”, diz Jucélia Mendes, moradora.

Por que RPPN importa (e por que agora)

As RPPNs são unidades de conservação de proteção integral, criadas por ato voluntário do proprietário, com reconhecimento legal e caráter perpétuo, sob fiscalização do ICMBio. No Maranhão, apenas 14 estão reconhecidas — número baixo para a dimensão ecológica do estado, o que reforça o papel transformador da futura RPPN em Timbotuba.

Benefícios esperados:

  • Corte de emissões e sequestro de carbono;

  • Preservação da biodiversidade e dos serviços ecossistêmicos (água, regulação climática, controle de erosão);

  • Pesquisa, educação ambiental, ecoturismo e cadeias sustentáveis para as comunidades.

“Por serem voluntárias e perpétuas, as RPPNs são centrais no enfrentamento da crise climática e na restauração da natureza”, avalia Flavio Ojidos, mestre em Conservação da Biodiversidade e Desenvolvimento Sustentável.

Próximos passos

  • Tramitação no ICMBio: a proposta aguarda oficialização.

  • Ação integrada: comunidade, proprietária e órgãos ambientais defendem patrulhamento e fiscalização contínua contra desmate, caça e carvão ilegal.

  • Programa social-ambiental: implementação de núcleos de educação, formação profissional e monitoramento comunitário assim que a RPPN for instituída.

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