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Após áudios vazados, Brandão acusa ex-aliados de “chantagens e barganhas”

Rubens Júnior admitiu conversa com Flávio Dino e diz ter sido advertido a não tratar de processo judicial.

Fonte: Redação
Brandão reagiu a áudios e disse que houve “chantagens e barganhas” para manter influência no governo do Maranhão (Foto: Reprodução)

O governador do Maranhão, Carlos Brandão (PSB), divulgou uma nota oficial nesta quarta-feira (22) reagindo à divulgação de áudios atribuídos a integrantes de seu antigo grupo político, que circularam durante sessão da Assembleia Legislativa. O material, exposto pelo deputado estadual Yglésio Moyses (PRTB), cita tratativas sobre um processo do Tribunal de Contas do Estado (TCE) que tramita no Supremo Tribunal Federal (STF) e envolve nomes de deputados e auxiliares federais.

Em política, tem que se ter coerência. Sou parceiro do presidente Lula sob qualquer circunstância, mas aqui no Maranhão plantou-se uma divisão”, afirmou Brandão, em tom crítico aos ex-aliados. Segundo ele, o grupo que deixou o governo em 2022 “quis permanecer no comando da gestão para a qual fui eleito. Fui parceiro, mas impus limites”.

O governador disse ainda que a reação ao seu distanciamento foi “insana, agressiva, utilizando-se até de chantagens e barganhas nada republicanas”.

A declaração de Brandão ocorreu um dia após o deputado federal Rubens Pereira Júnior (PT) confirmar, da tribuna da Câmara dos Deputados, a veracidade de um dos áudios revelados por Yglésio.

Rubens afirmou que buscou o ministro do STF Flávio Dino “em missão de paz” e admitiu ter questionado o ministro sobre o processo do TCE. Disse, porém, que foi advertido por Dino de que “toda manifestação sobre processo judicial se dá nos autos, e não em mesa política”. O parlamentar afirmou que o encontro teve caráter pessoal, e não institucional.

Durante a sessão na Assembleia, nessa terça, 21, Yglésio descreveu os conteúdos dos áudios, impedido de reproduzi-los no microfone pela presidente da Casa, Iracema Vale (PSB). Em um dos trechos atribuídos a Rubens Júnior, há referência direta a Colinas, cidade natal de Brandão, e a uma suposta condição para “pacificar” o grupo político: “eu libero o TCE”. O deputado também citou nomes de aliados como Carlos Lula (PSB), Rodrigo Lago (PCdoB) e Júlio Mendonça (PCdoB). Já uma fala atribuída ao secretário do Ministério do Esporte, Diego Galdino, menciona uma conversa com “Flávio”, numa possível referência a Dino.

Yglésio afirmou ainda que o material foi encaminhado à Polícia Federal, junto com prints de conversas que indicariam ameaças ao governador e tentativas de articulação política em outras esferas. Ele também citou servidores da Secretaria de Infraestrutura (Sinfra) investigados por inserir dados falsos em sistemas da pasta durante a gestão anterior.

Na nota, Brandão reforçou que Rubens Júnior foi quem lhe trouxe uma oferta política: “O deputado Rubens Júnior me trouxe o recado, uma oferta. Eu apoiaria candidatura de interesse do deputado Márcio Jerry em Colinas, e as vagas retidas do TCE seriam liberadas”, declarou, acrescentando que o próprio Rubens confirmou o episódio em discurso na Câmara.

O governador garantiu que não participou de gravações: “Eu não gravei, meu governo não gravou. Eles se fizeram gravar. Agora temem os efeitos dessa exposição vexatória”.

Para o governador, os áudios apenas tornaram público o que “já era sabido”: “Eles próprios, numa exibição de intimidade com outras forças, falavam abertamente. A quem quisesse ouvir e, eventualmente, até gravar”. Brandão encerrou afirmando que seguirá aliado ao presidente Lula, mas sem aceitar “barganhas ou chantagens” dentro do Maranhão.

Pontos-chave da crise

  • TCE no STF – processo sob relatoria do ministro Flávio Dino foi citado por Rubens Júnior em conversa agora exposta.

  • Ofertas políticas – Brandão afirma ter recebido proposta envolvendo apoio a candidatura em Colinas e liberação de vagas no TCE.

  • Investigação – Yglésio Moyses disse ter encaminhado os áudios e prints à Polícia Federal.

  • Divisão interna – governador acusa antigos aliados de tentar manter poder sobre o Executivo estadual após 2022.

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