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Novo comprimido pode reduzir os níveis de LDL, apontam testes

Medicamento oral da Merck bloqueia proteína PCSK9 e pode mudar o tratamento de milhões de pacientes com colesterol alto

Fonte: Da redação

A farmacêutica Merck anunciou resultados promissores de um novo comprimido destinado a reduzir o colesterol LDL, conhecido como “colesterol ruim”. O medicamento, chamado enlicitide, apresentou reduções de até 60% nos níveis de LDL em um estudo clínico com quase 3 mil pacientes, alcançando resultados semelhantes aos obtidos com as injeções de anticorpos monoclonais atualmente disponíveis.

O enlicitide atua bloqueando a proteína hepática PCSK9, responsável por retardar a eliminação do colesterol pelo organismo. Com a proteína inibida, o corpo passa a eliminar o LDL com maior eficiência, o que reduz significativamente o risco de ataques cardíacos e derrames. Segundo a Merck, as taxas de eventos cardiovasculares em pacientes de alto risco caíram até 20% no primeiro ano de uso.

O ensaio clínico, divulgado no congresso da Associação Americana do Coração, avaliou 2.912 pessoas que já haviam sofrido um evento cardiovascular ou apresentavam alto risco. Os participantes foram divididos entre os que tomaram o comprimido e os que receberam placebo, e não foram observadas diferenças relevantes nos efeitos colaterais entre os grupos.

O novo tratamento busca substituir as injeções mensais ou quinzenais usadas atualmente, como o Praluent (Regeneron/Sanofi) e o Repatha (Amgen), que têm preços acima de US$ 500 por mês e atingem apenas 1% dos pacientes elegíveis. O objetivo da Merck é oferecer uma alternativa oral mais acessível, fabricada e transportada a custos mais baixos, e com potencial de amplo alcance populacional.

A tecnologia desenvolvida pela empresa é fruto de uma década de pesquisas. O desafio inicial era encontrar uma substância pequena o suficiente para ser administrada em comprimido, mas capaz de se ligar à grande superfície da proteína PCSK9, o que até então parecia impossível. A solução veio com a criação de um círculo de peptídeos microscópico, com tamanho intermediário entre o de um anticorpo e o de uma molécula tradicional de comprimido, o que permitiu o bloqueio eficaz da proteína.

Dean Li, presidente dos Laboratórios de Pesquisa da Merck, afirmou que a descoberta pode abrir caminho para o desenvolvimento de comprimidos capazes de substituir outros medicamentos injetáveis. “É muito mais barato fabricar e distribuir comprimidos, que não precisam ser refrigerados. Nosso objetivo é manter o preço baixo e ampliar o acesso”, declarou.

Pesquisadores envolvidos nos ensaios consideram o avanço um marco no tratamento cardiovascular. “Se o preço for acessível, fará uma enorme diferença para milhões de pessoas em risco de ataques cardíacos e derrames”, afirmou David Maron, cardiologista da Universidade Stanford. Christopher Cannon, do Brigham and Women’s Hospital, classificou o novo método como potencialmente “revolucionário”.

A Merck também conduz um estudo com 14,5 mil pessoas para confirmar se a redução do colesterol LDL proporcionada pelo enlicitide se traduz em menor mortalidade e incidência de eventos cardíacos. A empresa planeja solicitar aprovação da Food and Drug Administration (FDA) em 2026 e prevê lançar o medicamento em 2027.

Segundo Dean Li, o objetivo é “democratizar o PCSK9” e transformar o comprimido em um tratamento tão comum quanto a aspirina ou os remédios para pressão arterial. “O sonho é tornar esse acesso universal, e esse sonho tem potencial para se tornar realidade”, afirmou.

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