
A força criativa e a diversidade da bioeconomia maranhense estão em evidência na COP30, em Belém (PA). Cachaças, geleias, cosméticos naturais, acessórios, vestuário e uma ampla variedade de artesanatos do estado compõem a vitrine da Brasil BioMarket, loja colaborativa organizada pelo Sebrae, que vem atraindo a atenção de visitantes do Brasil e de outros países.
Entre curiosos e compradores, o que se vê é um público surpreso com a origem maranhense de muitos produtos e com a forma como saberes tradicionais têm sido transformados em negócios sustentáveis e competitivos.
Sabores do Maranhão que surpreendem a Amazônia
Vindas do Mato Grosso, as visitantes Karina Santos e Rita Fibrati se encantaram com o estande da empresa maranhense Sabor da Ilha, especializada em geleias artesanais. As estrelas do balcão são duas frutas típicas da Amazônia: bacuri e cupuaçu.
“Eu não conhecia a geleia de bacuri, mas a de cupuaçu sim, que é maravilhosa! Não sabia que era do Maranhão. Eu sou apaixonada por cupuaçu”, contou Karina, surpresa com a origem dos produtos.
Rita compartilhou do mesmo encanto: “Eu também não sabia que essas geleias eram do Maranhão, fico muito feliz! É muito bom que pessoas de todo o Brasil tenham acesso a essas empresas maranhenses”.
Nos corredores da Brasil BioMarket, sabores regionais ajudam a contar a história de um estado que transforma biodiversidade em valor agregado — e em oportunidade de renda para pequenos empreendimentos.
Cerâmica maranhense que vira peça de desejo
Não são apenas os sabores que chamam atenção. As cerâmicas artesanais produzidas pela Olaria do Amarildo, do município de Rosário (MA), também têm parado muitos visitantes diante das prateleiras.
O paranaense Augusto Veras foi um deles. “Esse espaço do Sebrae é sensacional. O que mais me impressionou foram as cerâmicas, são lindas”, resumiu, ao observar de perto o trabalho manual que combina estética, identidade cultural e produção sustentável.
Babaçu, tecnologia e renda: o impacto da Apoena Bioindustrial
Ao todo, 18 pequenos negócios maranhenses participam da Loja Brasil BioMarket, levando à COP30 um recorte representativo da bioeconomia do estado. Entre eles está a startup Apoena Bioindustrial, de Coroatá (MA), apoiada pelo Sebrae por meio do programa Inova Cerrado, voltado a negócios que utilizam recursos da biodiversidade de forma sustentável.
A empresa desenvolveu um método que aproveita integralmente o coco babaçu, um dos ativos mais simbólicos da região. Com a mecanização da produção, a Apoena permite que as quebradeiras de coco de Coroatá gerem mais renda e agreguem valor a todas as partes da fruta.
Além da amêndoa, tradicionalmente utilizada, a startup trabalha com:
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Epicarpo: transformado em adubo, carvão e outras fontes de energia;
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Mesocarpo: base para farinha, cosméticos e biocombustíveis.
A CEO da Apoena, Márcia Werle, destaca o peso de estar numa vitrine global como a COP30:
“O babaçu é um ativo muito rico da nossa biodiversidade, mas ele é pouquíssimo conhecido, até dentro do Brasil. Então estar neste espaço, apresentando a nobreza dos produtos do coco babaçu, é fundamental para que a gente consiga ampliar nossos produtos, fortalecer nossa empresa e contribuir para a divulgação do potencial do babaçu”, afirma.
Reconhecimento e articulação política na Green Zone
Durante visita à loja colaborativa, o governador do Maranhão, Carlos Brandão, fez questão de ressaltar a importância do espaço e da parceria com o Sebrae.
“O Sebrae é um grande parceiro do nosso estado. É uma instituição que capacita e ajuda na certificação dos produtos. Estamos felizes em ver aqui vários produtos do Maranhão, escolhidos pelo Sebrae e expostos para o mundo inteiro. Aqui, a economia está aliada ao meio ambiente, promovendo um verdadeiro desenvolvimento sustentável”, declarou.
O comentário sintetiza o espírito da Brasil BioMarket: usar a COP30 não apenas como vitrine, mas como palco de negócios, conexões e visibilidade internacional para quem empreende com responsabilidade socioambiental.
Pequenos negócios, grandes mercados
Para o diretor superintendente do Sebrae Maranhão, Albertino Leal, o momento é estratégico para consolidar um ambiente de negócios mais favorável às pequenas empresas de base sustentável.
“Nós, do Sebrae, temos orientado nossas pequenas empresas a produzirem com qualidade e inovação. É possível gerar produtos competitivos tanto no mercado nacional quanto internacional, garantindo que nossos empreendimentos conquistem mais espaço e gerem renda para a população”, ressaltou.
Na prática, a presença maranhense na COP30 mostra que a bioeconomia não é apenas um conceito ligado ao futuro, mas uma realidade que já movimenta cadeias produtivas, valoriza comunidades tradicionais e projeta o estado em novos mercados.
Onde encontrar os produtos maranhenses na COP30
A COP30 segue até 21 de novembro, em Belém (PA). Os produtos maranhenses estão expostos na Loja Colaborativa da Green Zone, no Pavilhão 2, com funcionamento das 8h às 22h.
Além da experiência presencial, a Brasil BioMarket também está disponível em versão digital: os itens podem ser adquiridos no marketplace Brasil BioMarket, desenvolvido em parceria com o Mercado Livre, ampliando o alcance das marcas maranhenses para consumidores de todo o país — e, potencialmente, de fora dele.
Na soma de sabores, texturas, memórias e tecnologia, o Maranhão aproveita a COP30 para reafirmar um recado claro: a floresta em pé, o babaçu valorizado e o artesanato vivo também são motores de desenvolvimento.