
Dois movimentos considerados estratégicos para o futuro do Maranhão foram confirmados nesta quinta-feira (13), durante a COP30, em Belém (PA). Em agendas distintas, o estado avançou na área de conectividade digital, com a assinatura de um contrato de cofinanciamento para instalação de cabos submarinos, e reforçou sua imagem como polo de investimentos sustentáveis ao apresentar o projeto “Maranhão Verde e Sustentável: bioeconomia e sustentabilidade como princípios para o desenvolvimento inclusivo”.
De um lado, na chamada Zona Azul – espaço dedicado às negociações diplomáticas –, foi oficializada a parceria que permitirá ao Maranhão se conectar a um cabo de alta capacidade de transmissão de dados que liga a Europa ao Brasil. Do outro, na Zona Verde – área aberta ao público e a painéis temáticos –, o governo apresentou a investidores e representantes de empresas a carteira de oportunidades em bioeconomia, transição energética e descarbonização em curso no estado.
Ramal de cabo submarino conecta Maranhão à rota global de dados
O contrato de cofinanciamento para instalação do ramal de cabo submarino foi firmado entre o Governo do Maranhão, o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) e a Agência Francesa de Desenvolvimento (AFD), em sessão protocolar realizada no pavilhão do BID, na Zona Azul da COP30.
Na prática, o acordo permitirá que o Maranhão passe a utilizar um ramal conectado a um cabo de alta conectividade de dados que vem da Europa até Fortaleza (CE) e segue até a Guiana. A nova infraestrutura promete aumentar a velocidade de transmissão, a capacidade de dados e a estabilidade da conexão, abrindo espaço para projetos de data centers e soluções de tecnologia da informação no estado.
Representando o governador Carlos Brandão, o presidente da Investe Maranhão, Cauê Aragão, ressaltou o caráter estratégico da iniciativa. Segundo ele, o cabo submarino não é apenas um avanço técnico, mas um passo para inserir o Maranhão, de forma mais competitiva, na economia digital.
“Esse cabo submarino representa mais conectividade para o estado, com a possibilidade de implantarmos mais recursos na área de tecnologia da informação e melhorar nossos aspectos tecnológicos em educação, saúde e outras áreas, pois essa conectividade trará dados em tempo real. O Maranhão entra em um novo marco da comunicação 2.0 e vamos avançando cada vez mais”, afirmou Aragão.
O secretário de Telecomunicações do Ministério das Comunicações (MCom), Hermano Barros Tercius, lembrou que o projeto nasceu de um trabalho conjunto entre o governo estadual, o Governo Federal e a União Europeia.
“Estou muito feliz do Ministério ter ajudado a viabilizar essa parceria. É uma grande satisfação estar aqui hoje, junto com o Governo do Maranhão, para assinar esse acordo tão importante para levar um cabo submarino que liga o Maranhão à Europa e, assim, a todo o mundo. Esse cabo será um grande indutor do desenvolvimento tecnológico no Maranhão, que pode trazer data centers, além de mais velocidade, capacidade de dados e conectividade para toda a população”, disse.
A embaixadora da União Europeia no Brasil, Marian Schuegraf, destacou que a conectividade está no centro da nova economia global e que o projeto posiciona o Maranhão nesse cenário.
“Esse é um projeto extremamente importante porque interliga a Europa e o Brasil, especialmente o Maranhão. É um cabo que permite transferir grandes quantidades de dados com qualidade, e isso é necessário para a economia do futuro. Precisamos disso para estar na fronteira da tecnologia e da economia. Estamos ansiosos para trabalhar juntos com o Maranhão e avançar no desenvolvimento da região”, afirmou.
Para o presidente do BID, Ilan Goldfajn, a iniciativa combina integração digital, infraestrutura resiliente e olhar para as mudanças climáticas.
“Esse é um projeto incrível, que é o cabo submarino que vai ligar duas regiões e fará com que muitos se sintam mais conectados, além de atrair uma infraestrutura sustentável, que permite acompanhar a questão do clima e resiste para o futuro, tornando a vida de milhões de pessoas melhor”, avaliou.
O projeto começou a ser desenhado a partir de tratativas da Secretaria de Estado de Desenvolvimento Econômico e Programas Estratégicos (Sedepe) com o MCom, com apoio da Agência Estadual de Tecnologia da Informação (ATI). A expectativa é que, com a nova infraestrutura, o Maranhão tenha melhores condições para atrair investimentos tecnológicos, ampliar serviços digitais e reduzir desigualdades de acesso à internet.
Maranhão se apresenta como polo de bioeconomia e transição verde
Na Zona Verde da COP30, o governo maranhense também aproveitou para reforçar sua agenda ambiental e de inovação. No Hub da Amazônia, foi apresentado o painel “Maranhão Verde e Sustentável: bioeconomia e sustentabilidade como princípios para o desenvolvimento inclusivo”, que mapeia oportunidades de investimento em projetos que unem preservação ambiental, geração de renda e inclusão social.
O presidente da Investe Maranhão, Cauê Aragão, explicou que a proposta é atrair fundos e parcerias internacionais para financiar empreendimentos sustentáveis, aproveitando o potencial do estado em áreas como biocosméticos, biotecnologia, fármacos, alimentos funcionais e crédito de carbono.
Ele também citou como exemplos de oportunidades a transição energética a partir do gás produzido em Santo Antônio dos Lopes, os projetos vinculados à Zona de Processamento de Exportação (ZPE) de Bacabeira e o processo de descarbonização do Porto do Itaqui, um dos mais importantes do Arco Norte.
“O Maranhão discutiu possibilidades de empreendimentos sustentáveis, desde a transição energética com o gás produzido em Santo Antônio dos Lopes, até as oportunidades da ZPE de Bacabeira, a questão do Porto do Itaqui em processo de descarbonização e muitas outras frentes. Estamos mostrando que o Maranhão tem grandes projetos sustentáveis que defendem o meio ambiente e trazem desenvolvimento para o estado”, afirmou Aragão.
Ele também lembrou do acordo global, com investimento internacional de US$ 100 milhões, voltado à restauração ambiental a partir de programas já premiados do Maranhão, como Terras Para Elas, Maranhão Sem Queimadas e Floresta Viva.
Descarbonização e parcerias público-privadas em destaque
A presidente da Empresa Maranhense de Administração Portuária (Emap), Orquelina Costa, e o secretário de Estado do Meio Ambiente e Recursos Naturais, Pedro Chagas, participaram do painel e detalharam ações em andamento no estado para reduzir emissões e fortalecer a economia verde.
No caso do Porto do Itaqui, Orquelina enfatizou o plano de descarbonização, pensado a partir da posição estratégica do Maranhão como “porta da Amazônia” e corredor logístico para o Brasil e o exterior.
“Aqui na COP30 estamos em busca de parceiros e investidores que pensam como a gente e que estejam seguindo a nossa mesma diretriz para avançarmos juntos com desenvolvimento econômico e sustentável, visando à substituição de práticas que produzem muitos poluentes por práticas mais sustentáveis. Quando pensamos no plano de descarbonização, pensamos exatamente pela nossa posição estratégica e geográfica de estarmos na porta da Amazônia”, destacou.
Do lado do setor privado, o gerente financeiro em Relações com Investidores da Aço Verde do Brasil, Vinícius Ribeiro, acompanhou a apresentação e reforçou a importância da atuação conjunta entre governos e empresas na agenda de descarbonização.
“É muito gratificante escutar do próprio governo o quanto é necessário fazer parcerias públicas e privadas no sentido da descarbonização, pois não é possível usar somente recursos privados ou apenas recursos públicos. É bom ver que temos muitas ações sendo realizadas no estado do Maranhão nesse sentido e nós da Aço Brasil temos uma parceria de longa data com o governo maranhense”, comentou.
Presença estratégica do Maranhão na COP30
O Governo do Maranhão participa ao longo de toda a 30ª Conferência das Partes (COP30), maior evento da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (UNFCCC), que ocorre em Belém (PA) até o dia 21 deste mês.
Além de apresentar projetos já em execução e iniciativas em fase de implantação, o estado usa a vitrine internacional da COP30 para buscar novos financiamentos, firmar parcerias e se posicionar como um ator relevante nas agendas de preservação ambiental, transição energética, conectividade digital e desenvolvimento econômico com inclusão social.