
A participação do governador do Maranhão, Carlos Brandão, na COP30, em Belém, foi marcada pela defesa de um mecanismo internacional que assegure contribuição direta de grandes empresas poluidoras para projetos ambientais em países menos desenvolvidos. Para o governador, a dificuldade de financiamento climático, centro de debates da conferência, requer a inclusão formal de setores como petróleo, gás, carvão e outras atividades de alta emissão. Ele argumenta que essas companhias poderiam destinar parte do faturamento a um fundo global voltado à preservação e à recuperação ambiental.
Segundo Brandão, tais recursos poderiam fortalecer iniciativas já estruturadas e viabilizar novas ações voltadas à conservação, sobretudo em regiões que ainda enfrentam limitações financeiras. O governador mencionou que o objetivo seria garantir execução contínua e monitorada dos projetos apoiados por esse fundo internacional.
Na conferência, Brandão também apresentou iniciativas desenvolvidas no Maranhão, como o projeto que resultará na criação da primeira universidade indígena do Brasil, prevista para funcionar na Terra Indígena Araribóia, no município de Amarante. O projeto é conduzido em parceria com o Instituto Tukán, a Fundação de Amparo à Pesquisa do Maranhão, a Universidade Estadual e o Ministério dos Povos Indígenas. O desenho curricular está sendo elaborado com escuta direta de lideranças e mestres de saber tradicional, com o objetivo de preservar conhecimentos próprios das comunidades e promover integração entre diferentes povos.
O governador destacou ainda projetos financiados por acordos de compensação ambiental, como o firmado com a empresa suíça Mercúria, no valor de 100 milhões de dólares, destinado à recuperação de áreas degradadas em municípios maranhenses. Entre as ações previstas estão plantio de espécies nativas, fortalecimento da regularização fundiária e medidas de prevenção a queimadas. Brandão informou também a criação de três parques ecológicos em Colinas, Pastos Bons e São Mateus, além de um complexo ambiental em Atins.
No campo da governança territorial, o Maranhão participará de iniciativa financiada pelo governo do Canadá, pelo governo federal e pela ONU Brasil, destinada ao ordenamento fundiário e à regularização ambiental. O estado receberá cerca de 15 milhões de reais para ações previstas até 2026. A gestão estadual afirma que, desde 2022, já foram emitidos quase 18.500 títulos de propriedade e 27 destinados a comunidades quilombolas, embora o estado continue aparecendo entre os que registram maior número de conflitos de terra no país.