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PF apura uso de consignados inexistentes para inflar balanço do Banco Master

PF e MPF apuram fraude bilionária envolvendo créditos inexistentes e operações com o BRB

Fonte: Da redação com Folha de São Paulo

A investigação que levou à prisão do banqueiro Daniel Vorcaro avançou sobre um ponto considerado central pelos investigadores: a suspeita de que o Banco Master tenha utilizado operações com créditos consignados formados por tomadores inexistentes para inflar artificialmente seu balanço. Segundo fontes envolvidas na apuração, as carteiras teriam sido estruturadas como se fossem operações reais, comercializadas inicialmente para o próprio Master e, posteriormente, repassadas ao Banco de Brasília (BRB) durante 2024.

A movimentação chamou a atenção da supervisão do Banco Central no início deste ano, quando as equipes técnicas identificaram inconsistências nos registros das cessões de crédito. Após analisar documentos das duas instituições, o órgão convocou representantes do Master e do BRB para prestar esclarecimentos. As respostas foram classificadas como insuficientes, o que levou o BC a aprofundar as verificações e a encaminhar novas informações ao Ministério Público Federal e à Polícia Federal, que já haviam recebido um alerta inicial em 2024.

As carteiras foram retiradas do BRB por determinação da supervisão do BC, e o Master readquiriu os ativos em fevereiro de 2025. Apesar disso, um mês depois, o banco de Brasília anunciou ao mercado ter firmado acordo para adquirir o Master e protocolado o pedido de aprovação ao regulador. Investigadores avaliam que, se a compra tivesse sido autorizada, os demonstrativos financeiros das duas instituições seriam consolidados, o que poderia diluir a carteira fictícia dentro de outros ativos do BRB, aparecendo apenas como operações que não performaram.

A operação foi vetada pelo Banco Central em setembro, que também comunicou ao MPF detalhes sobre os motivos do impedimento. A partir disso, a apuração sobre possível fabricação de créditos insubsistentes ganhou ritmo. A Polícia Federal afirma que o modelo identificado inclui a criação de consignados inexistentes, a venda dos títulos para outra instituição financeira e, após fiscalização, a substituição dos ativos sem avaliação técnica adequada. O valor total da exposição ainda está sendo calculado, mas estimativas iniciais variam de 8 bilhões a 12 bilhões de reais.

A ausência de reclamações de beneficiários ajudou a prolongar o esquema, já que os supostos tomadores dos empréstimos não existiam. Entre os alvos da operação está também o empresário Augusto Lima, ex-sócio do Master, que foi preso. Ele é conhecido por ter desenvolvido o CredCesta, modalidade de cartão consignado voltada a servidores públicos da Bahia e que teria fortalecido a atuação do banco nesse segmento de crédito.

As investigações avançam em mais de uma frente. Além da PF e do Ministério Público Federal, o INSS analisa possíveis irregularidades na concessão de consignados associados ao Banco Master, incluindo descontos aplicados sobre benefícios previdenciários sem autorização. A Procuradoria da República no Distrito Federal abriu em agosto um procedimento preparatório para reunir informações e avaliar eventuais violações de direitos. O INSS também instaurou um processo administrativo próprio.

As apurações continuam e ainda não há definição sobre o tamanho completo da fraude. Os dados serão aprofundados pelos órgãos responsáveis, que buscam identificar a extensão das operações estruturadas ao longo dos últimos anos e as responsabilidades de cada envolvido.

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