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O Elo Invisível Entre o Intestino e a Artrose: O Que a Ciência já Revelou

A microbiota intestinal desempenha papel fundamental na regulação da inflamação

Fonte: Médico do Esporte e Exercício - Ortopedista e Traumatologista - Cirurgião de Quadril. CLÍNICA PERFORME - Av dos Sambaquis, 33 Calhau Galeria A - 2º Andar. 988863776


A saúde articular sempre foi associada à biomecânica, ao impacto repetitivo e ao envelhecimento. No entanto, nos últimos anos, novas pesquisas científicas têm mostrado que fatores menos óbvios, como a alimentação e a microbiota intestinal, exercem influência direta sobre a inflamação sistêmica, o metabolismo da cartilagem e até a progressão da artrose. O que comemos dialoga continuamente com as trilhões de bactérias que habitam nosso intestino, e esse ecossistema, quando equilibrado, funciona como um órgão metabólico capaz de modular a saúde das articulações.
A microbiota intestinal desempenha papel fundamental na regulação da inflamação. Estudos mostram que quando ocorre disbiose, um desequilíbrio entre bactérias benéficas e patogênicas, há aumento de lipopolissacarídeos (LPS) na circulação. Esses LPS ativam o sistema imunológico e ampliam a inflamação sistêmica de baixo grau, mecanismo associado ao agravamento de dores articulares e ao avanço da osteoartrite. Pesquisas publicadas em periódicos como Nature Reviews Rheumatology demonstram que pacientes com artrose apresentam maior permeabilidade intestinal, facilitando a passagem dessas moléculas inflamatórias para o sangue.
A alimentação funciona, então, como um dos grandes moduladores desse sistema. Dietas marcadas por excesso de açúcar, gorduras saturadas, alimentos ultraprocessados e baixa ingestão de fibras reduzem a diversidade da microbiota e favorecem a inflamação crônica. Esse padrão alimentar aumenta a produção de citocinas pró-inflamatórias que aceleram o desgaste da cartilagem e potencializam dores articulares, especialmente em pessoas predispostas ou com sobrecarga mecânica.
Por outro lado, padrões alimentares ricos em fibras, vegetais, frutas, peixes e gorduras boas, como o modelo mediterrâneo, estimulam bactérias produtoras de ácidos graxos de cadeia curta, como o butirato, que fortalecem a barreira intestinal e reduzem a inflamação. Estudos mostram que indivíduos que seguem esse tipo de dieta têm menor risco de desenvolver artrose sintomática e relatam menos dor e rigidez articular. O efeito anti-inflamatório ocorre tanto pela microbiota quanto pela melhora do perfil metabólico.
Outro ponto relevante é o papel dos polifenóis, encontrados em alimentos como chá verde, cúrcuma, frutas vermelhas, azeite de oliva e cacau. Essas substâncias possuem propriedades antioxidantes e moduladoras da microbiota, reduzindo o estresse oxidativo que prejudica a integridade da cartilagem. Ensaios clínicos recentes sugerem que polifenóis podem até regular vias inflamatórias envolvidas na degeneração articular.
Para pessoas fisicamente ativas, como corredores recreacionais, o equilíbrio da microbiota impacta também na recuperação muscular e na tolerância à carga de treino, reduzindo risco de lesões por sobrecarga. Uma microbiota saudável melhora o metabolismo energético, reduz a inflamação pós-exercício e favorece a integridade dos tecidos conectivos, incluindo tendões e cartilagem.
Embora a nutrição não substitua tratamentos médicos em casos de artrose avançada, a ciência mostra que ela desempenha papel decisivo na prevenção, no controle da dor e na modulação do processo inflamatório, funcionando como aliada essencial na saúde articular a longo prazo. Estratégias simples, como aumentar o consumo de fibras, diversificar vegetais, priorizar gorduras boas e reduzir ultraprocessados, já geram impacto mensurável na microbiota e, consequentemente, nas articulações.

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