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Como a Genética e o Estilo de Vida Influenciam na Dor Crônica

A dor crônica é uma das principais causas de incapacidade no mundo e afeta milhões de pessoas de forma silenciosa e persistente

Fonte: Médico do Esporte e Exercício


A dor crônica é uma das principais causas de incapacidade no mundo e afeta milhões de pessoas de forma silenciosa e persistente. Diferente da dor aguda, que tem função protetora, a dor crônica permanece por meses ou anos e passa a ser uma doença em si. A ciência moderna mostra que sua origem não depende apenas de lesões ou alterações estruturais, mas resulta da complexa interação entre genética e estilo de vida.
Do ponto de vista genético, cada indivíduo nasce com variações em genes que regulam inflamação, percepção da dor, metabolismo de neurotransmissores e resposta ao estresse. Polimorfismos em genes como COMT, IL-6, TNF-α e OPRM1, por exemplo, estão associados a maior sensibilidade dolorosa, resposta inflamatória exacerbada e menor eficácia de analgésicos. Isso explica por que pessoas com diagnósticos semelhantes podem sentir dores completamente diferentes.
Além disso, a genética influencia o funcionamento do sistema nervoso central. Estudos de neuroimagem demonstram que indivíduos geneticamente predispostos à dor crônica apresentam maior ativação de áreas cerebrais relacionadas à dor, mesmo diante de estímulos leves. Esse fenômeno, conhecido como sensibilização central, contribui para a perpetuação do quadro doloroso, independentemente da lesão inicial.
No entanto, a genética não atua de forma isolada. O estilo de vida exerce papel decisivo na modulação da expressão gênica por meio da epigenética. Hábitos como sedentarismo, alimentação inflamatória, privação de sono, estresse crônico e tabagismo podem “ligar” genes relacionados à inflamação e à dor. Por outro lado, atividade física regular, nutrição adequada, sono de qualidade e controle do estresse têm efeito anti-inflamatório comprovado.
A prática de exercícios físicos, por exemplo, estimula a liberação de endorfinas, melhora a função mitocondrial e reduz citocinas pró-inflamatórias. Dietas ricas em fibras, ômega-3, antioxidantes e proteínas de qualidade modulam positivamente a microbiota intestinal, hoje reconhecida como um eixo fundamental na regulação da dor e da inflamação sistêmica.
O estresse psicológico crônico também merece destaque. Ele ativa de forma persistente o eixo hipotálamo-hipófise-adrenal, aumentando cortisol e favorecendo estados inflamatórios, fadiga e hipersensibilidade dolorosa. Técnicas de manejo do estresse, como mindfulness, terapia cognitivo-comportamental e atividade física, demonstram redução significativa da dor em diversos estudos clínicos.
Compreender a dor crônica sob essa ótica integrada muda completamente a abordagem terapêutica. O tratamento moderno vai além de analgésicos e infiltrações, incorporando avaliação genética, modulação do estilo de vida e estratégias personalizadas. O futuro do cuidado em dor passa pela medicina de precisão, onde genética e hábitos caminham juntos para restaurar função, autonomia e qualidade de vida.

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