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Conheça o vinho que pode custar até R$ 10 mil

O lançamento da nova safra do Barca Velha no Brasil e o foco dos vinhos portugueses no mercado brasileiro

Fonte: Suzana Barelli

O lançamento da safra de 2015 do Barca Velha exemplifica porque os vinhos portugueses fazem tanto sucesso no mercado brasileiro. Quinze dias depois de Portugal, o Brasil foi o primeiro país a conhecer a 21ª safra deste tinto ícone, que teve surgiu em 1952 e é elaborado apenas em anos especiais pela Casa Ferreirinha, no Douro. Fernando Guedes, presidente da Sogrape (a dona da marca) e o enólogo Luis Sottomayor vieram para cá especialmente para o evento.

Com cuidados como esses, Portugal segue firme como a principal origem entre os vinhos europeus no Brasil. Com 15% de participação de mercado, segundo a consultoria Ideal.BI, está muito a frente de países como França (que tem 10,3%), Itália (com 7,9%) e Espanha (6,2%). No caso do Barca Velha, não é revelado o total de garrafas que serão embarcadas para cá, com preço de R$ 10.860 cada uma. Mas Sérge Zehil, sócio da Zahil, que importa o vinho, diz que metade do lote já está vendido. A safra anterior, a de 2011, era comercializada por R$ 7,7 mil.

"O lançamento da safra de 2015 do Barca Velha exemplifica porque os vinhos portugueses fazem tanto sucesso no mercado brasileiro"

SAFRA DE 2015

A safra 2015 traz novidades: pela primeira vez, a variedade sousão entra em seu blend, com uma porcentagem de 10% (as demais uvas são touriga franca, com 43%, touriga nacional, com 40%, e tinto cão, com 5%). Segue como um tinto complexo, com boas notas de frutas vermelhas e negras, toques florais, e equilibrado entre os seus taninos, firmes e presentes, e a sua acidez. Está pronto para beber, para quem aprecia vinhos jovens, mesmo com os nove anos de vida, mas vai ganhar complexidade com o tempo em garrafa.

Desde o seu lançamento, quando elaborado pelo pioneiro Fernando Nicolas de Almeida, o Barca Velha envelhece por anos em sua adega, antes de chegar ao mercado. Mais do que isso, é sempre provado com regularidade pelo enólogo e, se em algum momento neste período, há uma dúvida sobre o seu potencial, o tinto é desclassificado e lançado como Reserva Especial.

DECISÃO DIFÍCIL

No lançamento da safra 2015, Guedes deixa claro que essa decisão entre Barca Velha e Reserva Especial é exclusiva do enólogo. E se tiver de ser Reserva Especial, será, mesmo com a diferença significativa de preço: o Reserva Especial é um tinto de R$ 4.800. Ao contar essas histórias para os consumidores, Guedes traz outra faceta que explica o potencial dos vinhos portugueses por aqui. O consumidor, seja de maior poder aquisitivo ou não, gosta de provar o vinho antes de comprar e adora conversar com seus produtores. E Portugal faz isso muito bem. O reflexo está nas vendas. Os 15% de participação de mercado equivalem a US$ 70 milhões, no valor FOB, ainda segundo a Ideal.BI.

Para quem duvida, apenas nestas últimas duas semanas estiveram por aqui nomes importantes do cenário vitícola de Portugal, como Luís Pato, conhecido como o produtor que domou a rústica uva baga, na Bairrada; António Maçanita, que busca o terroir não apenas no Alentejo e no Douro, mas também em Açores e em Porto Santo; Pedro Ribeiro, do Rocim; António Soares Franco, do conhecido Periquita, entre outros. E até dois brasileiros que decidiram elaborar brancos e tintos em Portugal: Fernando Camargo, da Barroca Malhada, de Beiras, que procura importador no Brasil, e Marcelo Villela, da Textura Wines, no Dão. Todos procurando mostrar seus vinhos, pois sabem que essa é uma boa maneira de ganhar novos consumidores.

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